Ricardo Gais
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O Governo do Estado divulgará na tarde desta segunda-feira, 27, o mapa oficial da 12ª atualização do Distanciamento Controlado, que tem vigência a partir desta terça, 28, até a próxima segunda-feira, 3. No mapa preliminar da última sexta-feira a região de Santa Cruz do Sul, pela terceira vez seguida, recebeu bandeira vermelha de risco alto por contaminação de Covid-19.
Durante o fim de semana a Prefeitura Municipal, Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) e o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) trabalharam em recursos que foram enviados ao Gabinete de Crise do Estado para tentar reverter a situação. Nas duas primeiras atualizações, o Estado acatou os recursos para que a bandeira laranja de risco médio fosse mantida.
O secretário Municipal de Saúde, Giovani Alles, informou que por determinação do prefeito Telmo Kirst, Santa Cruz iria recorrer novamente da decisão preliminar do Estado. Técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, juntamente com a Procuradoria Geral do Município trabalharam nesse último fim semana avaliando os dados da região para elaboração de um novo recurso.
A procuradora-geral do Município e integrante do Gabinete de Emergência, Tricia Schaidhauer, destaca que a piora dos indicadores se deu no aumento de internações em leitos clínicos, casos de Covid-19 ativos e o número de óbitos registrado na região. “Só em Santa Cruz, em três semanas, tivemos quase 100 casos confirmados. Nossa nota piorou muito no último mês”, lamenta. Tricia alerta que a cada nova classificação vermelha, fica mais difícil de reverter a situação.
A nota divulgada pela Amvarp cita que as fiscalizações serão intensificadas para coibir infrações à saúde. “Cientes de que os indicadores da região apresentam alto risco de avanço da Covid-19, os gestores ainda se comprometeram em intensificar ações de vigilância e de fiscalização para coibir aglomerações”.
O presidente da entidade e prefeito de Candelária, Paulo Butzge, explicou que a região ainda apresenta uma boa capacidade de atendimento hospitalar, com condições de absorver a demanda, podendo seguir com as restrições da bandeira laranja. “Os dados mostram um sinal de alerta, e por isso é necessário que tenhamos ações mais enérgicas, austeras e padronizadas em todos os municípios do Vale do Rio Pardo”.
Cassio Nunes Soares, presidente do Cisvale e prefeito de Pantano Grande, também se manifestou. “A população precisa entender que estamos a favor dela, a favor da saúde pública, das nossas comunidades. O comércio e a indústria, que empregam boa parte da nossa gente teriam péssimas consequências com as portas fechadas em uma eventual bandeira vermelha”.
O Gabinete de Crise do estado recebeu 49 pedidos de reconsideração enviados por municípios e associações regionais sobre o mapa preliminar. Do total de recursos apresentados, apenas um pede para modificar uma bandeira laranja para amarela. As demais solicitações foram encaminhadas de regiões classificadas em vermelha.
Caso o recurso não seja aceito pelo governo estadual, as novas regras seguirão o modelo de Distanciamento Controlado e passarão a valer a partir de amanhã.
O que levou a região para bandeira vermelha
A Macrorregião dos Vales apresentou bandeira vermelha em apenas umas de suas regiões Covid: Santa Cruz do Sul. O indicador de hospitalizações confirmadas para o coronavírus na região piorou significativamente, passando da bandeira amarela para a preta nessa rodada. Houve nos últimos sete dias um aumento de 88% nas hospitalizações, passando de oito na semana anterior para 15 na atual. Isso representa que o número de hospitalizações por 100 mil habitantes passou de 2,31 para 4,32, um resultado que indica alta incidência de novos casos na população.
Outro indicador que se manteve na bandeira vermelha foi relacionado à propagação da doença na região. Foram registrados 71 casos ativos para 107 casos recuperados nos últimos 50 dias anteriores ao início da semana, além do registro de quatro novos óbitos na semana.
Regras da bandeira vermelha
- Alimentação: restaurantes, lanchonetes e padarias deverão operar com o sistema de tele-entrega, pegue e leve e drive-thru. Trabalhar apenas com 50% dos funcionários em cada expediente e fica vedado o atendimento presencial nas mesas e o serviço de self-service.
- Hospedagem: hotéis e similares devem fazer adaptações e disponibilizar apenas 40% dos quartos. Hotéis de beira de estrada e rodovias podem operar com 75% dos quartos.
- Comércio não essencial: deverá operar apenas com 25% dos funcionários por turno e atender por tele-entrega, drive-thru, comércio eletrônico e pegue e leve. O comércio varejista de itens essenciais podem operar com 50% dos trabalhadores.
- Educação: apenas atividades práticas essenciais da área da saúde poderão continuar operando com 50% de alunos e professores por turno. Atividades de apoio à educação ficam limitadas a 25% de trabalhadores e tele-atendimento. Ensino médio técnico, ensino superior de outras áreas e pós-graduação também ficam limitados a 25% de trabalhadores e tele-atendimento. O restante fica proibido.
- Indústria: construção civil, alimentos, bebidas, tabaco e metalurgia podem operar com 75% dos trabalhadores.
- Serviços de academias, clubes sociais e esportivos: devem reduzir o número de funcionários para 25% e atender de forma individualizada o aluno com espaço mínimo de 16 metros quadrados por pessoa.
- Missas e serviços religioso: devem respeitar o teto de até 30 pessoas em um mesmo espaço.
- Serviços de utilidade pública como gás, água e coleta de resíduos: podem operar com 100% dos funcionários.
- Transporte coletivo de passageiro municipal e intermunicipal: operar com 50% da capacidade do veículo e passageiros deverão sentar no banco da janela.