O povo gaúcho é conhecido por ser aguerrido e bravo, qualidades essas que viraram hino e foram imortalizadas em letra e canção. As gaúchas, por sua vez, também herdaram essa sorte e tanto na história quanto na ficção sempre se mostraram fortes e guerreiras, apesar de conservarem traços belos e delicados. Entretanto, um dado parece não condizer com tudo isso. Como é que num estado com um povo forte e destemido ainda podem morrer tantas mulheres por ano vítimas de câncer de mama?
Segundo as novas estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Rio Grande do Sul continua sendo o segundo estado brasileiro com maior incidência de câncer de mama, com projeção de 81 casos a cada 100 mil mulheres no decorrer de 2012. Ainda, a Capital gaúcha continua na liderança negativa desse ranking, com números elevados e a expectativa de que some 125 novos casos a cada 100 mil mulheres, no mesmo período, duas vezes e meia mais frequente que a média nacional. No Brasil, serão 52 novos casos da doença a cada 100 mil brasileiras ao longo dos 12 próximos meses.
Por esse motivo, a Femama – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama em parceria com as entidades associadas, como o Imama – Instituto da Mama do RS, está dando continuidade à campanha “Faça por Mim” iniciada durante a última edição do movimento Outubro Rosa. O objetivo é esclarecer para a comunidade o quanto é importante o diagnóstico precoce do câncer de mama. Além disso, a entidade não tem medido esforços para incentivar que as mulheres procurem seus médicos e façam o exame de mamografia, anualmente. Quando a paciente tem mais de 40 anos de idade (direito assegurado pela Lei Federal 11.664, desde 20090 ou mesmo antes, com indicação médica. O diagnóstico não basta, precisamos também de um tratamento de excelência, em tempo adequado, para todas as mulheres, não só para aquelas afortunadas que possuem um convênio ou seguro saúde.
Isso porque, parafraseando o hino do Rio Grande do Sul, é preciso que “mostremos valor constância nesta ímpia e injusta guerra” contra o diagnóstico e tratamento tardio do câncer de mama. Porque não basta sermos fortes, aguerridos e bravos. Precisamos também ter atitude em favor da vida, praticar o auto-cuidado, realizar exames médicos periódicos e lutar pelo acesso para todas. Só assim, nossas façanhas poderão servir de modelo a toda Terra.
* Presidente da FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama e do IMAMA – Instituto da Mama do RS