Eles não atearam fogo em pneus, não bloquearam a rua nem interromperam o trânsito. Apenas tomaram os canteiros das praças, cantaram músicas em prol da valorização da educação e distribuíram folhetos que explicam os motivos da greve nacional dos dias 23, 24 e 25 de abril: melhoria do ensino público e aplicação efetiva do piso salarial em todo o país. Foi um show de educação! Por isso os professores são chamados de educadores.
Num país onde a Lei Nacional do Piso do Magistério ainda não é respeitada ou cumprida na totalidade em 22 Estados, professor público não tem muito que festejar no Dia do Trabalhador. A campanha “Educação pública, eu apoio”, lançada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pretende conscientizar e mobilizar a população para a necessidade de se valorizar os educadores e profissionais da rede pública, que concentra 86% das matrículas escolares.
Conforme dados divulgados pela Secretaria de Educação, o Rio Grande do Sul, além de não respeitar a lei do piso, ainda paga o menor salário do Brasil. Seguido de Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Piauí e Rondônia, nosso Estado tem desrespeitado a classe de trabalhadores que tem como principal função, formar cidadãos com os predicados necessários para o convívio em sociedade. Ao contrário de Acre, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco e Tocantins que pagam o piso na íntegra.
Em contrapartida, nem todo funcionário público pode reclamar do salário e das condições de trabalho neste país. A remuneração de um garçom, por exemplo, pode chegar a R$ 14,6 mil. Não, eu não estou louco. É verdade! Basta que o garçom em questão trabalhe no Senado Federal. Isso mesmo! Os sete garçons do Senado (nomeados por ato secreto em 2001) ocupam cargos comissionados de assistentes parlamentares e recebem salários de até R$ 15 mil para atender aos senadores em plenário. O Jornal O Globo, que denunciou os supersalários, revelou que, em março, um dos garçons recebeu R$ 14,6 mil, sendo que R$ 5,2 mil se referiam a “atividades de apoio” (horas extras). Ô… Coitado!
É para deixar qualquer professor irritado. Servir água e cafezinho para os políticos brasileiros pode ser mais vantajoso financeiramente do que transmitir conhecimentos, ensinar e preparar crianças e jovens para o futuro. Usando o bordão da Filomena: “Ô… Coitado (de nós)!”.