O relatório de inadimplência medido pela Boa Vista Serviços revela que, ao encerrar o primeiro semestre de 2023, Santa Cruz do Sul tinha o quarto menor índice de inadimplência entre os 20 maiores municípios do Rio Grande do Sul. O percentual de 28,3%, medido pelo birô de crédito, mostra ainda que o desempenho segue menor do que a média estadual de 30,91%. Com a liberação do programa “Desenrola Brasil” a expectativa é que o acerto de contas entre credores e inadimplentes deverá reduzir ainda mais esta margem, recuperando créditos para o varejo na arrancada final do ano.
Na comparação com o mês de abril – quando o índice de inadimplência em Santa Cruz registrou 27,73 pontos – houve crescimento no número de consumidores com dívidas em atraso no município. Especialmente entre os consumidores com a menor renda mensal. Para o Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul e Região (Sindilojas-VRP), Mauro Spode, a ação do governo federal em criar o “Desenrola Brasil”, poderá ajudar a reverter este cenário. “Especialmente porque no segundo semestre ocorre esta preocupação maior do consumidor, em recuperar o crédito para poder realizar as compras de fim de ano novamente. Este é um movimento que será fortalecido com este auxílio do governo”, avalia.
Spode explica ainda que a recuperação destes ativos, por parte do varejo, também auxilia e muito no caixa das empresas, para que elas possam renovar estoques e cumprir com as obrigações sociais previstas para o segundo semestre. “Somado a tudo isto, espera-se uma reação normal do mercado, por conta do cenário econômico mais favorável, a partir da queda do índice de inflação”.
Para o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Oscar Frank, colaboram ainda com a projeção positiva a recente ampliação do benefício médio pago via Bolsa Família e a resiliência do mercado de trabalho são vetores positivos para o balanço financeiro dos consumidores. “No entanto, vemos o cenário desafiador no curto prazo, sobretudo enquanto não verificarmos a consolidação dos efeitos do recuo dos juros básicos da economia e do Programa Desenrola, do Governo Federal”, pondera.
Percentual de inadimplência junho 2023
Cidades mais populosas do RS
Erechim 25,1%
Bento Gonçalves 26,4%
Lajeado 27,6%
Santa Cruz do Sul 28,3%
Caxias do Sul 29,2%
Novo Hamburgo 33,2%
Pelotas 33,5%
Porto Alegre 33,9%
Passo Fundo 34,3%
Santa Maria 36,8%
São Leopoldo 36,8%
Rio Grande 38,1%
Cachoeirinha 38,8%
Bagé 39,1%
Canoas 39,3%
Sapucaia do Sul 39,9%
Uruguaiana 41,6%
Gravataí 42,0%
Viamão 44,7%
Alvorada 46,8%
Média RS 30,91%
Fonte: Boa Vista Serviços/SCPC
Região que preza pelo crédito
Quando o desempenho da inadimplência é comparado entre os 20 municípios mais populosos do Rio Grande do Sul (veja tabela abaixo), Santa Cruz do Sul figura na quarta posição, superando grandes economias como Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e São Leopoldo.
Conforme o presidente do Sindilojas-VRP, o hábito de manter as contas em dia faz parte do cotidiano da população local. “Independentemente da condição financeira, o consumidor de Santa Cruz do Sul e da nossa região está sempre atento à necessidade de manter o crédito e evitar a negativação. A inclusão nos cadastros ocorre quando, de fato, o cenário econômico não é favorável ao pagamento das dívidas”, pontua Mauro Spode.
Atenção ao aderir ao programa
A entrada em vigor do “Desenrola Brasil”, sugere atenção redobrada ao consumidor em pelo menos dois quesitos. Conforme a coordenadora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) do Sindilojas-VRP, Gicele Fernandes Arruda, é necessário cuidar com oportunismo. “Já há golpes, com links falsos em redes sociais e WhatsApp, em nome desse programa. O recomendado é que o consumidor procure diretamente os seus credores, ou até mesmo o atendimento das plataformas dos birôs de crédito”, diz.
Outro ponto de recomendação da especialista, diz respeito ao planejamento financeiro de quem aderir ao programa. “É de suma importância, que no momento desse acerto de contas, o inadimplente tenha acesso de forma clara das condições dessa negociação, para que essa dívida seja efetivamente resolvida e não somente prolongada”, recomenda Gicele.