Há alguns anos li na revista Seleções do Reader’s Digest uma história interessante. Tratava-se de um relato de um homem que contava sobre um médico, Dr. Gibbs. A casa do Dr. Gibbs ficava em um grande terreno, que ele queria transformar em uma floresta, e por isso ele plantava muitas árvores. Quando jovem o médico havia frequentado uma escola de horticultura, onde o lema era “sem sacrifício não há sucesso”. Ele jamais regava uma planta nova. Quando o homem perguntou por quê, Dr. Gibbs respondeu que regar as plantas as fazia crescer com raízes superficiais. As árvores que não são regadas, dizia ele, precisam criar raízes profundas para procurar umidade. Na história o autor contou que um dia passou pela casa do Dr. Gibbs para ver as árvores que haviam sido plantadas há 25 anos. Estavam firmes como rochas. Comparou então com as que ele havia plantado, regado e borrifado até crescerem. Estas árvores exigiam serem servidas incondicionalmente. Sempre que soprava um vento frio, tremiam e estalavam os galhos.
Parece que as árvores do Dr. Gibbs souberam extrair benefício das adversidades e privações. Tornaram-se fortes de um modo que o conforto e as facilidades jamais teriam permitido ser. As árvores refletem as vidas humanas. Se você tem filhos e costuma rezar para que a vida deles seja fácil e confortável, sugiro que repense suas preces. A trajetória da vida é longa, encontramos muitas dificuldades, e isto é natural. Com frequência a vida de seus filhos será dura e fria, e se não tiverem raízes profundas vão tremer e estalar os galhos a cada vento forte, e não serão poucos. Não se trata de jogá-los a uma vida de sacrifícios, mas de saber mexer bem as peças do tabuleiro do jogo psicológico da educação. Nossos filhos precisam ser treinados para a vida mesmo sem saber que, no detalhe dos fatos, estão sendo treinados.
Friedrich Nietzsche, influente filósofo alemão do século XIX, disse que “aquilo que não me mata, só me fortalece”. Parece ser esta uma forma inteligente de encarar as adversidades. Todos lutamos por vitórias, mas são as derrotas que nos fazem crescer. Elas nos fazem refletir sobre como podemos ser melhores, como melhorar nosso desempenho. Esta clareza só pode ser vista quando se tem um emocional treinado e equilibrado. Quando a vida nos diz não, esta é a hora em que devemos dizer sim. Isto é fácil escrever, é fácil dizer, mas não é tão simples viver. Estar preparado para isto leva um tempo, e cada um tem seu tempo. Melhor quando esta preparação vem da infância, mas nunca é tarde para começar.
Quando estudamos o corpo humano aprendemos, entre outras coisas, que há uma rede de células nervosas, os neurônios, que levam os sentidos e as sensações até o cérebro. Estas células se arranjam na forma de um emaranhado de ramificações, parecendo as raízes de uma árvore. A diferença é que as raízes da árvore se aprofundam em busca de nutrientes para baixo da terra, e as “raízes” humanas buscam nutrientes para baixo da pele, para dentro da alma. Não deve haver a cobrança para que homens e mulheres sejam grandes ou celebridades. Mas, assim como as árvores, que vivam fortes, felizes, com a alma nutrida por raízes profundas.