O controle da natalidade é um fenômeno recente. Já as famílias numerosas são um fato presente em nossa memória. De ambos os lados, a realidade era de dez filhos na casa de nossos avós. Casa cheia nos aniversários. Primos em profusão. Um tio chegou à casa dos dezesseis filhos. Quando chegou aos doze, a vó mandou parar, mas o freio não funcionou…
Assim, famílias numerosas eram comuns nas constelações familiares. Raras entre nós, mas ainda existem. Lembro bem, no tempo de direção do internato feminino, quando essa situação era administrada com descontos, já que a conta era pesada.
Algumas situações eram bem próprias das famílias numerosas: a roupa passava de um filho para o outro; o material escolar era aproveitado coletivamente, enfim, havia um senso de uso comum. Finalmente, os mais velhos cuidavam dos menores. E eram responsáveis por eles!
Não estou querendo dizer que era o ideal, mas a coletividade se impunha como um valor diante do individualismo que impera hoje em dia, com apenas um filho ou, no máximo, dois.
A relação entre irmãos cria um vínculo sagrado que se reforça ao longo do tempo, e a partida de um integrante repercute fortemente no seio familiar. Quanto maior a família, a dor da perda se dilui entre seus componentes.
Revendo os registros de falecimento de ancestrais, percebo o quanto era celebrada a constelação familiar, quanto a dor era partilhada. O luto era carregado em conjunto. Hoje em dia, até pelas circunstâncias que estamos vivendo, o luto também se tornou solitário. E a dor dói ainda mais!