Jéssica Ferreira
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Cerca de duas semanas se passaram após o anúncio do governo estadual sobre o parcelamento dos salários dos servidores públicos, no qual resultou a indignação da categoria e paralisações de serviços. Na manhã de ontem, 12, servidores públicos estaduais, estudantes e representantes sindicais se reuniram na Praça Getúlio Vargas, no Centro de Santa Cruz do Sul para protestar contra as iniquidades do governo. Além da revolta sobre os parcelamentos de salários do funcionalismo gaúcho, foram apontados também o descontentamento com o Executivo municipal após o aumento da tarifa do transporte coletivo, cujo valor entrou em vigor no último sábado, 8.
A manifestação foi uma iniciativa realizada pela União dos Estudantes Santa-Cruzenses (Uesc), Sindicato dos Comerciários e Conlutas. Por volta das 9 horas da manhã iniciou uma junção de pessoas, onde estiveram presentes alunos integrantes do Grêmio Estudantil de cada escola estadual do município. Segundo a coordenadora da Uesc, Clair Pereira, a entidade estará disposta a lutar ao lado dos professores, pois as decisões tomadas pelo governo não prejudicam apenas o funcionalismo público, mas toda a sociedade. “É um direito de todos. Vamos juntamente com os professores e cada servidor público cruzar os braços e protestar contra esses ataques do governo”, alegou Clair. Além disso, em relação ao aumento da tarifa de ônibus, a Uesc seguirá reivindicando através de mobilizações. “A grande maioria dos estudantes não trabalham, por isso, quem paga as passagens são os pais, e por mais que sejam apenas 20 centavos a mais, são estes 20 centavos cobrados a mais numa ida e volta de ônibus todos os dias. Há aqueles que têm a necessidade de utilizar o transporte até quatro vezes ou mais por dia, e isso certamente no final do mês pesa para uma família”, concluiu.
O estudante do ensino médio e presidente do Grêmio Estudantil da escola Rosário no município, Felipe de Bona Figueiras, de 17 anos, esteve presente no ato dando seu apoio, além de acreditar que iniciativas assim mostram que a sociedade não vai se dobrar mediante decisões do governo. “Estamos aqui mostrando ao Estado que podemos ser a parte mais ‘fraca’ dele, porém, unidos, nos tornamos o contrário e ao tomarmos medidas assim demonstramos que estamos dispostos a reivindicar os direitos de cada servidor”, diz. Além disso, o jovem afirma que independente de houver riscos de greve, sua posição continuará a favor da luta do funcionalismo público. “Claro que se ocorrer uma greve após a assembleia, todos os alunos vão se prejudicar de alguma forma, principalmente os de ensino médio devido ao vestibular ou Enem, mas isso vamos recuperar de alguma forma. Acho que devemos ser solidários em pensar nas famílias que estão sofrendo com os parcelamentos de salário. Afinal, as contas chegam e a situação fica complicada”, afirmou.
Durante o protesto ocorreram muitos discursos, sendo um deles feito pelo vice-presidente do Sindicato dos Comerciários e membro da Conlutas, Marcos Azeredo – que por sua vez demonstrou sua indignação ao frisar sobre as priorizações do governador do estado em relação aos Cargos em Comissão (CC) e ao Secretariado que levantou em sua gestão. “A crise já existia antes da posse da nova gestão neste ano e houve logo de início aumento de salário para os CCs e os secretários públicos estaduais, mas quem deveria receber aumento em meio a uma crise são os servidores concursados que recebem um valor inferior aos eleitos pelo governador. Porém ao contrário disso, houve um aumento para estes e parcelamento para os servidores públicos, coisa que é inadmissível e não vamos aceitar!”, declarou.
Após a concentração realizada na praça, ocorreu uma passeata na Rua Marechal Floriano Peixoto em direção ao Hotel Charrua, local este onde iniciaria às 10 horas uma Assembleia Regional Unificada com os professores, sindicatos e demais servidores públicos.
Jéssica Ferreira
Felipe Figueiras: “Estamos dispostos a reivindicar os direitos de cada servidor”
Jéssica Ferreira
Após a concentração na Praça Getúlio Vargas, os protestantes realizaram uma caminhada na Marechal Floriano
Servidores públicos votam por greve unificada da categoria
A Assembleia Regional Unificada realizada na manhã de ontem após os protestos, lotou o Salão Victoria do Espaço de Eventos no Hotel Charrua. O objetivo principal do encontro estava na unificação, ou seja, em mobilizar a categoria para então tomar uma posição, cuja mesma será levada para a assembleia geral que ocorrerá no próximo dia 18 no Ginásio do Gigantinho em Porto Alegre.
Segundo Renato Muller, diretor do 18º Núcleo do Cpers/Sindicato, a questão continua com força total mesmo mediante a cartada do governador, na última terça-feira, 11 onde foi depositado o restante do salário do funcionalismo público. “Esse depósito deveria ser feito no dia 31 de julho, por isso, o governo simplesmente cumpriu com seu dever constitucional, ou melhor, ele não fez mais que sua obrigação. Então não vamos parar por aí, pois nossa questão não é apenas salarial, mas sim vários projetos que estão tramitando na assembleia e principalmente contra o PL 206”, afirmou.
Durante o encontro houve votações para que ocorresse uma greve geral dos serviços, onde acarretaria a paralisação total. Entretanto, a maioria votou na realização de uma greve unificada, na qual os serviços serão prestados, porém, com turnos reduzidos provavelmente durante todo o mês de agosto. Os funcionários estarão no próximo dia 18 levando esta posição à assembleia geral, que por sua vez pressionará o governo a uma solução de mudança. Por outro lado, não está descartada uma possível greve geral, caso não haja respostas do governo mediante as reivindicações dos servidores públicos.