A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, assinou, na tarde desta segunda-feira, 30, no auditório da Procuradoria-Geral do Município, o decreto de situação de emergência, em virtude da estiagem no município. A medida deve ser encaminhada para apreciação na próxima sessão da Câmara de Vereadores.
A decisão foi adotada com base em relatório elaborado pela Defesa Civil, órgão que integra a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana. Conforme o coordenador do serviço, Anderson Matos Teixeira, a zona rural de Santa Cruz do Sul já enfrenta uma série de dificuldades por conta da falta de chuva. Cerca de R$ 44 mil já foram usados para o abastecimento de água das famílias no interior.
A avaliação realizada nos últimos 15 dias, em parceria com as secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, também contou com o apoio de assistentes sociais da Secretaria de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte. O levantamento constatou o exaurimento hídrico nos rios que cortam as áreas atingidas, impossibilitando o abastecimento às comunidades. A situação torna-se ainda mais séria devido à falta de chuva – nos últimos quatro meses, a região teve apenas o total de 110 mm de precipitação pluviométrica.
Alia-se a tudo isso os prejuízos às produções agrícola e pecuária. Até o momento, já foram computadas perdas de R$ 19 milhões, atingindo culturas como milho, hortigranjeiros, arroz, soja, tabaco e até a produção leiteira. “A perspectiva é de que a irregularidade da chuva se mantenha até março”, comenta o coordenador da Defesa Civil do município, Anderson Matos Teixeira.
Helena lembrou que o município vem buscando estabelecer estratégias que diminuam o impacto da falta de chuva na região, como o investimento em cisternas e a ampliação da rede hídrica no interior durante o ano de 2022. Houve ainda a construção de 246 açudes e aguadas pela Secretaria de Agricultura. Conforme a prefeita, a distribuição de reservatórios de água surtiu efeito, já que os agricultores necessitaram de menos abastecimento de água pelos caminhões-pipa neste verão. Até o momento, cerca de 1 milhão de litros d’água foram distribuídos. “O que for possível, temos que prever e pôr em prática. As coisas só não estão mais graves porque tomamos essa iniciativa”, analisou.
A prefeita destacou que a decretação da situação de emergência busca dar respaldo aos produtores rurais em um momento de calamidade. “Sabemos das dificuldades que os trabalhadores rurais estão enfrentando e cabe ao Governo a adoção de medidas que possam ajudar a categoria nesta hora de necessidade”, justificou.
O vice-prefeito e secretário de Planejamento e Orçamento Elstor Desbessell saudou a medida. “Estamos trabalhando com ações efetivas para amparar a comunidade rural de nosso município”, declarou.
O secretário de Agricultura, Hardi Lúcio Panke, frisou que o decreto é importante pois, em caso de liberação de verbas federais e estaduais em virtude da estiagem, o município está habilitado a buscar os recursos. A situação de emergência também permite aos agricultores a prorrogação de prazos de pagamento para financiamentos e acesso ao seguro agrícola, entre outros benefícios.
Chefe do escritório municipal da Emater, o engenheiro agrônomo Assilo Martins Correa declarou que os prejuízos são grandes para a cadeia agropecuária, com perda do poder aquisitivo e descapitalização dos produtores. “A medida é importante para que os produtores consigam retomar as atividades e recuperar suas perdas”.
A reunião contou também com a presença de representantes da Afubra, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Coopersanta.