Na já secular Constituição de 1891, em que foi decretada a separação da Igreja e Estado em nosso País, diga-se Igreja Católica. Desde então sempre houve um flerte entre poder e religião, e para quem gosta do tema, sugiro a leitura da biografia do padre Cícero Ramão Batista, “Poder, Fé e Guerra no Sertão”, de Lira Neto. Aliás “Padim Ciço”, como é carinhosamente chamado por seus fiéis até hoje, ainda está excomungado da Santa Igreja Católica.
Mas o título acima trata do Estado Laico, como ente público, que representa todos os credos e nenhum ao mesmo tempo, pois chegou-se ao consenso teórico/jurídico de que as experiências seculares não deram bom resultado, quando Estado e Igreja andaram de mão dadas. Citei o personagem histórico acima, pois sua caminhada representou e ainda representa a força da fé do povo brasileiro, em especial o sofrido povo nordestino, sem qualquer juízo do valor.
Neste momento histórico estamos vivendo uma nova fase do papel das religiões em nosso País. As mesmas têm ocupado espaço importante em instâncias públicas, como parlamentos, imprensa, judiciário e Ministério Público. São muitos os agentes públicos que confessam sua fé cristã na maioria dos casos, sendo o presidente da República talvez o seu maior expoente, pois seu batizado foi notícia nacional, em razão da prisão do pastor Everaldo, que batizou o presidente no Rio Jordão.
A deputada feederal Flordelis, outra religiosa do cenário nacional, também foi notícia em razão de ser acusada por co-autoria da morte de seu marido. Temos também da ministra Damares, que é uma expoente religiosa do Governo Federal.
Poderia citar outras figuras importantes das igrejas pentecostais e neopentecostais, que circulam com muita influência no Planalto. Diga-se ainda, que o próximo membro do STF será “terrivelmente evangélico”, como já antecipou o presidente. Só espero que não seja do time do pastor Everaldo ou da Flordelis.
Todos têm direito a praticar com liberdade sua fé, mas quando assumem uma função pública, sua fé deve ficar em sua vida privada, não podendo seus conceitos religiosos serem impostos para toda sociedade. Isso já deu errado no passado.