Tiago Mairo Garcia
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A confirmação de um caso positivo de raiva bovina na localidade de Cerro Alegre Alto pela Inspetoria Veterinária de Santa Cruz do Sul, na última semana, ascendeu o sinal de alerta para o risco de proliferação da doença. Em razão do caso positivo, uma equipe de profilaxia e controle da raiva herbívora da Secretária Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) virá a Santa Cruz do Sul nos próximos dias com o objetivo de realizar uma inspeção em pontos cadastrados pela Inspetoria Veterinária na localidade com o objetivo de encontrar o morcego hematófago, principal transmissor da doença.
A inspeção estadual foi confirmada na última sexta, 17, pela médica veterinária Aline Corrêa da Silva, chefe da Inspetoria Veterinária de Santa Cruz do Sul. Ela relata que o caso foi descoberto no último dia 29 de junho, após um médico veterinário particular, que atendeu o animal na propriedade, constatar que o bovino estava com dificuldade de se locomover e expelindo saliva, sintomas característicos da raiva bovina. “O animal foi sacrificado e após realizamos a coleta do cérebro para realizar o exame que constatou positivo para a doença”, disse a médica veterinária.
Com o caso confirmado, a Inspetoria comunicou o produtor e orientou todas as pessoas que tiveram contato com o animal para aplicação de soro e vacina antirrábica para combater a doença. Também está sendo orientado para que todos os bovinos e equinos da propriedade afetada e demais propriedades rurais que estiverem em um raio de 12km entre Cerro Alegre Alto e Passo do Sobrado, para que realizem a vacinação dos seus rebanhos contra a raiva. “Nosso objetivo é prevenir todos para que não sejam contaminados e não ocorram novos focos da doença”, frisou Aline.
A raiva bovina é uma doença transmitida pela mordida do morcego hematófago em bovinos, equinos, suínos, ovinos e cabritos. Os principais sinais da mordida são ferimentos de sangue escorrendo no animal e os principais sintomas são perda de força, distúrbio nervoso, salivação e paralisia dos membros inferiores que levam a morte do animal. Como é uma doença que não tem cura, os animais infectados necessitam ser sacrificados.
Nas pessoas, a transmissão se dá somente pela saliva do animal contaminado. Os principais sintomas em humanos são confusão mental, desorientação, espasmos, dor de garganta e mal-estar. “É raro de acontecer, mas há a possibilidade de contaminação em humanos se não haver os devidos cuidados. Quando for manusear animais doentes, é importante sempre usar luvas”, destacou a médica veterinária.
Aline informou ainda que, após a confirmação da doença, foi realizada uma revisão em uma furna (caverna) e uma casa abandonada em Cerro Alegre Alto onde foram encontrados vestígios do morcego. “Como há vestígios, foi acionada a equipe estadual que possui especialistas em realizar o controle populacional do morcego para evitar a propagação da doença”, salientou. Ela destacou ainda que o último caso da doença registrado em Santa Cruz ocorreu em 2010 e que nos anos seguintes ocorreram suspeitas com resultado negativo.
Ao finalizar, a chefe da Inspetoria Veterinária pede para que os produtores avisem a Inspetoria caso percebam morcegos ou animais com suspeitas da doença. “É importante que se informe abrigos de morcegos ou sinais da doença. A raiva mata e a prevenção é a melhor medida”, finalizou a médica veterinária.