Costurar uma bainha, apertar uma calça, trocar um fecho. Embora ainda falte muito para se considerar uma costureira de mão cheia, a dona de casa Ivanice Ribeiro Silva, 38 anos, moradora do Santa Vitória, está no caminho e tira até um troquinho com as pequenas reformas que já aprendeu a fazer. Ela é uma das alunas que está retornando ao Projeto Gente que costura amor, oficina de costura que acontece duas vezes por semana no Cras Beatriz Frantz Jungblut, coordenado pela Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte (Sehase).
Suspensas desde março do ano passado, com a pandemia, as aulas estão recomeçando, com duas turmas de alunas, uma no turno da manhã e outra no turno da tarde, sempre segundas e quartas-feiras. Os materiais como tecidos, linhas, agulhas, tesouras, feltro e outros são fornecidos pela prefeitura. Nas aulas, a instrutora Maisa Winck Esteves, costureira há 28 anos ensina todos os segredos do pachtwork e da costura criativa.
O foco da oficina não é a profissionalização, mas a preparação para o exercício da atividade como um meio de geração de renda acaba sendo um caminho natural e foi o que aconteceu com a filha da Ivanice, que em 2019 frequentou a oficina e pouco tempo depois foi contratada por uma fábrica de estofaria. “Ela passou bem pouco tempo aqui, logo aprendeu a costurar e já conseguiu trabalhar”, contou orgulhosa.
Quando não está cuidando dos netos Ivanice está na oficina, onde aprendeu tudo do zero, desde ligar a máquina. “Adoro estar aqui, por isso sempre venho. Já fiz máscara, tapete, avental. Em casa faço pequenas reformas pra fora, ainda não me meto a fazer roupas, mas tenho muita vontade de aprender a costurar um macacão”, revelou faceira.
Outra aluna motivada é a dona de casa Simone Zilch, 31 anos, mãe de duas crianças, de 10 e 8 anos. Enquanto os filhos estão sob os cuidados da avó, ela aproveita para frequentar as aulas. Embora seja filha de costureira, envolvida em outras tarefas da casa ela acabou não aprendendo o ofício, mas agora começou a praticar com gosto. “É muito bom, quero aprender tudo”. A mesma empolgação é sentida pela colega Raquel Brito, 40 anos, outra iniciante. “Tenho máquina há três anos e nunca costurei, agora resolvi aprender e já fiz este avental”, mostrou orgulhosa.
Para a coordenadora do Cras Beatriz, Ana Bachmann, o que de mais importante se pode ressaltar do projeto é a oportunidade que as mulheres têm de criar vínculos umas com s outras, de se empoderarem e desenvolverem habilidades que contribuam para o aumento da autoestima. Muitas são selecionadas pelas assistentes sociais que identificam situações de violência doméstica e ao tirar de casa essas mulheres, revelam a elas a possibilidade de novos horizontes. “Elas ficam mais empoderadas e passam se sentir mais úteis, percebem o valor que têm”, observou.
Atualmente as vagas para o Projeto Gente que costura amor são limitadas e não há como absorver toda a demanda de pessoas interessadas. Faltam máquinas de costura doméstica para que mais mulheres possam participar. Portanto, empresas ou pessoas físicas que desejem doar equipamentos podem entrar em contato com o Cras Beatriz, pelo telefone (51) 3711-9187. A ajuda será muito bem-vinda.