O exercício regular é importante para a saúde e o bem-estar, mas certas modalidades esportivas podem expor o praticante a um maior risco de lesão. Atletas de elite do sexo masculino que praticam esportes de alto contato – tais como futebol, futebol americano e rugby – têm um risco maior de desenvolver osteoartrite no joelho e no quadril, se comparados a homens que praticam outras modalidades esportivas ou não praticam esporte, diz um estudo sueco.
Os pesquisadores apontaram um risco dobrado para jogadores de futebol e de handebol, e um risco triplicado para jogadores de hóquei no gelo, revela o estudo, publicado no American Journal of Sports Medicine.
A osteoartrose, osteoartrite ou artrose é uma doença relacionada com uma lesão degenerativa (desgaste) na cartilagem articular, que causa dor, inchaço e limitação dos movimentos. “A articulação é a parte do corpo que une os ossos e permite a realização de movimentos. As superfícies dos ossos que se aproximam são revestidas pela cartilagem articular, cuja função é evitar o atrito de um osso contra o outro e amortecer o impacto produzido pelo movimento ou pelo esforço, facilitando o deslizamento das extremidades ósseas. Com o aparecimento da artrose, os movimentos articulares ficam prejudicados”, explica o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, que dirige o Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares.
Um mal que afeta atletas de elite
Segundo um dos autores do estudo, Magnus Tveit, da Universidade de Lund, na Suécia, a osteoartrite de quadril e de joelho é mais comumente encontrada em ex-atletas de elite do sexo masculino.
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores analisaram dados de mais de 700 atletas suecos aposentados – entre 50-93 anos, que tinham praticado esportes em nível profissional e olímpico – e de cerca de 1.400 homens da mesma idade que se exercitavam muito pouco ou eram sedentários.
O grupo de atletas aposentados incluia homens que haviam praticado esportes de alto contato, como futebol e hóquei, e praticantes de modalidades que não envolvem contato, como corrida, natação e ciclismo. Ao término da análise de dados, o risco de desenvolver artrite de quadril ou de joelho foi 85% maior em atletas de elite. O risco para aqueles que praticavam pouco ou nenhum exercício foi de 19%.
“Com a informação sobre o risco de desenvolver artrose, como resultado da participação esportiva, médicos e atletas podem pensar em medidas preventivas de lesões, invalidez e dor”, observa o reumatologista.
Implicações no dia-a-dia
“Embora o estudo tenha registrado um pequeno impacto da prática esportiva em atletas mais jovens ou ‘atletas de fim de semana’, há algumas lições importantes que podemos retirar do estudo. O aspecto mais reconfortante dos dados é que a maioria dos esportes, provavelmente, não aumenta o risco de desenvolvimento de osteoartrite de joelho e quadril, especialmente quando competimos em um nível de lazer”, afirma o Sérgio Lanzotti.
Os esportes que foram apontados como causadores do aumento de risco de osteoartrite são os de alto contato. “Para pessoas que querem reduzir o risco de artrose, a escolha do esporte ideal deve recair sobre as modalidades que têm menor risco de lesões, modalidades sem contato e de baixo impacto. Tênis, natação e ciclismo são boas alternativas”, informa o diretor do Iredo.
É muito importante também que os atletas que se dedicam aos esportes de alto risco, como o futebol, principalmente nos níveis de elite, e por muitos anos, saibam que têm uma probabilidade maior de desenvolver osteoartrite. “Por isto, devem prestar atenção aos outros fatores de risco associados com o desenvolvimento da doença, tais como: obesidade, idade, lesão ou estresse nas articulações, bem como o histórico familiar”, alerta o médico.