Dia desses, ao parar no semáforo em frente à Penitenciária de Caxias, notei alguns presos se acotovelando na janela da cela para tomar os últimos raios de sol da manhã. Um deles acenou para mim. Encabulado, devolvi o aceno.
A superlotação dos presídios é um grave problema nacional. O sistema prisional brasileiro, com cerca de 500 mil pessoas em cadeias, ocupa a quarta colocação mundial em número de presos, só perdendo para Estados Unidos, China e Rússia. No Rio Grande do Sul, na semana passada, o site da Susepe informou que faltavam três presos para a população carcerária – cujo número de vagas é de 20.458 – atingir a marca histórica de 30 mil apenados.
Entretanto, o que chama atenção é que, dos 30 mil detentos gaúchos que estão atrás das grades, apenas 0,30% tem curso superior e 62,59% não terminaram o ensino fundamental. São pessoas, na maioria homens, que empurraram os estudos com a barriga ou não tiveram a oportunidade de frequentar a escola. E agora se dão conta (talvez tarde demais) que o não estudar foi um passo em falso que ajudou a colocá-los no caminho da criminalidade. É como o alerta da professora paulista Izabel Sadalla Grispino: “Só a educação pode salvar o mundo da avalanche da criminalidade, da violência juvenil, que nos assolam e nos amedrontam”.
Imbecilmente, o governo federal e os estaduais gastam mais com presos do que com estudantes. Segundo o jornal O Globo, um detento em presídio federal custa três vezes mais do que um universitário público. E o dos presídios estaduais, mais de nove vezes o que é gasto com um aluno.
Aí eu pergunto: se é mais barato prevenir do que remediar, porque não educar a criança para não chorar o adulto? E quando os governantes se darão conta que uma boa educação, principalmente a primária, com foco na humanização dos alunos, fornece os instrumentos básicos para inserção do individuo na sociedade?
Não sei se é verdade, mas ouvi dizer que no Japão a única pessoa que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois, segundo o povo japonês, num país que não há professores, não pode haver imperadores.
Ainda sob o efeito dessas palavras, nas próximas eleições, decidi escolher os candidatos que priorizam, entre outras coisas, a educação. Do contrário, correrei o risco de ver muitas escolas vazias e presídios cada vez mais cheios.