Por: Ricardo Gais
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Muita gente deve se perguntar e talvez o assunto até já esteve na conversa com os amigos: Por que surgem tantas doenças na China? Essa é uma questão complexa de ser explicada. No entanto, um artigo escrito por pesquisadores americanos e chineses, publicado na revista “The Lancet”, sobre o assunto, é considerada a publicação mais renomada sobre pesquisa médica no mundo.
No artigo “Emergência e controle de doenças infecciosas na China”, os pesquisadores apontam o tamanho da população do país como um dos fatores que mais contribui para o surgimento de novas doenças, assim, espalhando se rapidamente entre seus cidadãos, e consequentemente para o mundo.
Em 1957 surge o vírus da gripe asiática (H2N2) que se espalha por toda a China, Ásia e depois em todo o mundo, causando a pandemia mais importante desde a gripe espanhola de 1918, com um total estimado de 1,1 milhão de mortos; Em 1968 surgiu a gripe de Hong Kong (H3N2) um novo vírus da gripe tipo A (um dos três tipos de gripe sazonal), 1,5 milhão de pessoas foram infectadas antes de se espalhar para a Ásia e depois para os Estados Unidos e Europa; Em 1997 a gripe aviária A (H5N1) surge fazendo a primeira vítima em Hong Kong, em 2003 ela reapareceu no sudeste da Ásia, com um total de 282 mortes em 468 casos em 15 países e, em 2003 surgiu o vírus da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) que deixou 774 mortos.
Esse histórico de grandes doenças vem desde o século 14, na Idade Média, no qual se originou na China uma das mais antigas epidemias da história, a peste negra conhecida também como peste bubônica, no qual a bactéria era transmitida ao ser humano por pulgas. Estima-se que a peste matou pelo menos 75 milhões de pessoas na época.
Atualmente o mundo procura por uma vacina para conter o mais novo vírus vindo da China, o Covid-19, que surgiu no fim de 2019, espalhando se rapidamente, fazendo com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarasse a situação como pandemia. A OMS já calcula no mundo mais de 29 milhões de casos e 924 mil mortes.
Outro fator muito questionado pelas autoridades de saúde é a falta de higiene com o consumo de animais na China, no qual são criados e abatidos em locais com poucas medidas sanitárias ou nenhuma. Com cerca de 1,4 bilhão de habitantes, a China possui um histórico de fome e consumo inadequado de qualquer tipo de animal como porcos e aves, que na maioria das vezes, são criados perto ou dentro da residência.
O artigo também aponta o gosto dos chineses por animais exóticos como o gato civeta que é muito apreciado na cidade de Wuhan, primeiro epicentro do novo coronavírus. Além da venda de animais vivos comercializados nos chamados “mercados molhados”, onde galinhas, porcos, cobras, frutos do mar e outros que ficam em gaiolas, são abatidos no local sem medidas de higiene, além do contato muito próximo das pessoas. Esses bichos carregam patógenos (infecção) que podem, eventualmente, migrar para os seres humanos. Está é uma das hipóteses para o surgimento do atual vírus, o Covid-19, que teria vindo de pangolins ou morcegos. A Sars e a gripe aviária, que foram grandes epidemias de doenças respiratórias, têm origem de vírus oriundos de animais. Em 2009 outra pandemia assolava alguns países, a gripe suína (H1N1), mas ela teve origem no México.
A população mundial já passa dos 7,8 bilhões de pessoas, e o fato de estarmos vivendo mais próximos e nos locomovendo cada vez mais por transporte coletivo, aéreo, automóvel e metrô dentro das cidades e também pelo mundo, as pessoas ficam mais expostas a se contaminarem e esse fator facilita o contágio de mais pessoas que estão em um mesmo ambiente, que acabam por espalhar um potencial vírus para outras regiões. Por isso as autoridades de saúde alertam para que as medidas de higiene sejam mantidas e inclusive redobradas em momentos como o que estamos vivendo.
O mundo não está preparado para um novo vírus com tamanha potência semelhante a Covid-19. Embora a tecnologia disponível, não há um sistema de saúde global capaz de responder a essas ameaças, já que depende do país de origem do vírus para conter o surto, caso fracassem, o planeta todo estará em risco – caso este que aconteceu com a propagação do novo coronavírus.