Os dois testes que estão sendo usados para diagnosticar casos de Covid-19 no Brasil apresentam características diferentes e devem ser aplicados pelos profissionais da Saúde em momentos distintos. O mais comum é o teste rápido, por ser mais acessível. De acordo com o Ministério da Saúde, as primeiras unidades começaram a chegar ao Brasil na segunda quinzena de março. A realização desse exame é indicada, geralmente, a partir do 10º dia desde o início dos sintomas, como febre e tosse. No entanto, o período ideal para coleta pode variar de acordo com a marca do produto.
Segundo o Ministério da Saúde, dentro do período indicado pela fabricante, coleta-se uma gota de sangue, a exemplo da medição de glicemia (taxa de açúcar no sangue). A partir dessa gota de sangue é possível detectar a presença de anticorpos (IgG e IgM), que são defesas produzidas pelo corpo humano contra o vírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19. Portanto, o teste pode indicar se a pessoa já entrou em contato com o vírus em algum momento. Os resultados saem entre cerca de 15 a 20 minutos.
Este tipo de teste vem sendo utilizado tanto por órgãos públicos de saúde quanto clínicas e laboratórios privados. Também é ele que pesquisadores do Ibope aplicam na população, em cidades que participam do estudo nacional sobre a Covid-19, desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Apenas os produtos aprovados pela Anvisa podem ser utilizados no Brasil.
Já o teste de biologia molecular, chamado de RT-PCR, identifica o vírus SARS-CoV-2 que causa a COVID-19 logo no início, ou seja, no período em que a infecção está na fase mais inicial. Esse exame consiste na coleta de secreção nasofaríngea por meio de swab (produto semelhante a um cotonete) entre o primeiro e o décimo dia de sintomas – preferencialmente entre o 3º e o 7º. Os materiais são analisados em laboratórios, entre eles, o Central do Estado (Lacen) e a Unisc.
Conforme a diretora de Inovação e Empreendedorismo da Unisc, Andreia Rosane de Moura Valim, uma mesma pessoa pode ter resultados diferentes nesses dois exames, mesmo se coletados no mesmo dia. “Isso pode ocorrer pois a PCR identifica o vírus enquanto o teste rápido identifica a presença de anticorpos que produzimos para combater o vírus. Por exemplo, se uma pessoa que está no 15º dia após o surgimento dos sintomas, faz o teste rápido e o resultado é positivo, pode a PCR ser negativa. Isso ocorre, pois, conforme descrito acima, os testes avaliam marcadores biológicos distintos”, explica.