Fabrício Goulart
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Representantes da Sulgás, empresa responsável pela distribuição de gás natural canalizado no Rio Grande do Sul, reuniram-se ontem, dia 20, com empresários e parceiros da área de energia para apresentar oportunidades de negócios para a região. Promovido pela Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, no Hotel Águas Claras, o encontro buscou sanar dúvidas para uma antiga demanda da classe.
Conforme projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que além da produção nacional considera a capacidade de importação por navios e o gás vindo da Bolívia, a oferta de gás natural na rede brasileira deve crescer 34% de 2023 a 2032. Durante o evento, a gerente executiva de Relações Institucionais da Sulgás, Carolina Bahia, destacou que em um ano e meio de operações a partir da privatização da companhia, R$ 100 milhões já foram investidos no Rio Grande do Sul.
O desafio da Sulgás é colocar em prática o projeto que liga Santa Cruz do Sul ao sistema de gasoduto. A companhia possui um projeto, que incluiria transporte de gás a partir de Triunfo, no polo petroquímico, mas para tirá-lo do papel é necessária mobilização junto ao Executivo e à classe empresarial. “Temos hoje um sólido plano de investimento no Rio Grande do Sul, já pensando em cinco ou seis anos”, afirmou o CEO da Sulgás, Marcelo Leite.
Conforme o CEO, a indústria é sempre quem atrai a expansão do gás natural, seguindo depois para o que é chamado de varejo. “O nosso viés é sempre de um crescimento sustentável. Não viemos por um, dois, três ou quatro anos, mas sim por uma longevidade grande. Não só no aspecto ambiental, mas também social e econômico”, pontuou.
Responsável pela apresentação do projeto, o diretor comercial, Silvio Del Boni, explica o que mudou atualmente na Sulgás – que já possui 30 anos – é “a capacidade de investimento, velocidade de tomar decisões e capacidade de executar projetos”. Dentre os dados apresentados, está a presença da empresa em 41 municípios do Estado e 1.475 km de dutos, já instalados no subsolo e o total de 84 mil clientes.
Na primeira etapa dos investimentos da Sulgás, é prevista a construção de uma rede local abastecida com gás natural comprimido (GNC), que atenderá as demandas do município (indústria, comércio e residências). Em uma segunda etapa, com a ampliação da demanda, a distribuição será por gás natural liquefeito (GNL). Na terceira etapa, no longo prazo, está prevista a construção do gasoduto interligando o polo de Triunfo a Santa Cruz do Sul. Tudo dependendo do movimento na região, geração de demanda e procura das indústrias. Para Del Boni, levar gás natural a Gramado e Canela, recentemente, foi muito mais difícil do que o trabalho previsto no município: “Lá havia rochas no caminho, dificuldades no terreno.”
Destaque
Durante o início do evento, o presidente da ACI de Santa Cruz do Sul, Cesar Antônio Cechinato, destacou o interesse dos empresários da região. “Podemos dizer que grande parte do PIB do município está aqui”, disse, ao público. Já o vice-prefeito, representando o Executivo, destacou a posição de destaque que Santa Cruz do Sul possui no Estado e no país: “Queremos atrair novos investimentos, mas sem deixar de olhar do que aqui estão.”
Sustentabilidade
Antes de questionamentos quanto à origem do gás natural – um combustível fóssil e, portanto, limitado – a Sulgás fez a defesa do seu consumo. De acordo com Del Boni, a empresa está ciente da “descarbonização” do planeta – que enfrenta grandes mudanças climáticas –, mas pontua que essa é uma “jornada” no mundo, e não algo a ser alterado repentinamente. “Dos combustíveis fósseis, o gás natural é o mais sustentável de todos”, afirmou.
Um dos pontos de vantagem seria o transporte por gasodutos. Conforme o diretor comercial, o Brasil tem 50 mil km de dutos. “Temos um tesouro no subsolo, na camada do pré-sal. Se não usarmos, será perdido”, disse, destacando que há gás para 46 anos de consumo. Segundo Del Boni, cerca de 60% do gás, no Brasil, é oriundo da Bolívia. Contudo, um possível rompimento no fornecimento não afetaria o país, já que o sistema é interligado com o restante do planeta e funciona 24h: “Teríamos outro fornecedor.”