Provocar reflexões sobre o papel das mulheres no meio empreendedor foi o objetivo do evento o Poder da Liderança Feminina. Promovido pelo Núcleo de Mulheres Empreendedoras da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz, o encontro reuniu dezenas de mulheres no auditório da entidade, na noite de segunda-feira, 4. Empreendedoras, gestoras e profissionais de diferentes áreas acompanharam atentas as vivências compartilhadas pelas painelistas Simone Leite, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora da Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul), e Giulia Tolotti, gestora da GT Participações.
Formada em Administração de Empresas pela PUCRS, com MBA em Finanças e Governança Corporativa pela ESPM, Giulia Tolotti abriu a programação com o relato de sua trajetória como empreendedora.
Após concluir os estudos em Porto Alegre, Giulia voltou a Santa Cruz com o intuito de atuar no grupo de empresas da família. Os planos mudaram com o surgimento de uma oportunidade de empreender dentro de um grupo que já existia, através da GT Participações, uma holding de negócios imobiliários. A GT atua em três pilares: locação comercial, administração de obras e urbanização. Hoje à frente do negócio, onde lidera uma equipe majoritariamente feminina, a gestora revela que busca colocar em prática todos os ensinamentos que teve ao longo de sua vivência, tanto de estudo, quanto profissional.
“Estar à frente de um negócio que tem um viés extremamente masculino, o mercado da construção civil, é muito desafiador”, afirma. Contudo, ensina que é preciso ter coragem e acreditar na própria capacidade, pois muitas vezes os desafios do empreendedorismo e os de ser uma mulher empreendedora se confundem.
Conforme Giulia, ter uma visão glamurizada do empreendedorismo é um erro muito comum de quem está iniciando um negócio. “Achar que empreender é fácil e que vamos acertar logo na primeira tentativa. Ao contrário, é preciso muito trabalho e resiliência e quando falamos de mulheres, soma-se a isso vencer preconceitos também”.
A gestora elencou cinco ensinamentos que aprendeu em sua trajetória e que considera fundamentais para orientar as mulheres que desejam empreender com sucesso em seus negócios ou em suas carreias.
O primeiro, ninguém sabe fazer tudo. Por isso quanto antes buscamos ajuda melhor. Segundo, protagonismo é diferente de liderança. Não basta ter a iniciativa é preciso saber conduzir a sua realização. Terceiro, para quem não sabe para onde está indo, qualquer estrada serve. O conselho não é novidade, mas vale muito no mundo dos negócios e na vida. Sem um mínimo de planejamento e visão do que ser quer desperdiçamos tempo, dinheiro e energia. Quarto, vão duvidar da gente. Sim, principalmente as mulheres sofrem essa cobrança diariamente. E por fim, o quinto ensinamento, ter coragem e acreditar no próprio trabalho. É fundamental confiar na própria capacidade, sempre. “Nunca podemos duvidar de nós mesmas na hora de empreender”.
Empoderamento
A segunda palestra da noite trouxe a experiência de liderança da empresária Simone Leite nos ambientes corporativos e associativistas. Com grande protagonismo no cenário da representatividade empresarial no Estado, Simone construiu uma exitosa trajetória marcada por quebras de paradigmas e de pioneirismo, sobretudo no empreendedorismo feminino. Foi a primeira mulher a presidir a Câmara de Comércio e Indústria (CIC) de Canoas e mais tarde, também de forma inédita, assumiu a presidência da Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul), cargo que nenhuma mulher havia ocupado antes na história da entidade.
Além da sólida carreira como empresária, a dirigente mantém um papel ativo na Federasul como presidente do Conselho da Mulher Empreendedora. Vivências que compartilhou no encontro, buscando inspirar outras mulheres a também ocuparem seus espaços seja no mundo dos negócios, nas entidades representativas ou na política.
A empresária recorda que sua caminhada no mundo da representação empresarial não foi fácil. “Tive que vencer preconceitos e ser muito resiliente. Ser uma mulher em posição de liderança em um ambiente historicamente ocupado por homens aumentavam muito as expectativas e as cobranças”, resume.
Para Simone, todos esses aprendizados foram importantes e serviram de motivação para que seguisse o que hoje é o seu propósito de vida: trabalhar para que as mulheres ocupem os espaços de liderança com menos preconceito e dificuldade.
A dirigente destaca que a mulheres têm um jeito diferente de liderar, utilizam mais a sensibilidade, e que essa característica deve ser potencializada e colocada a serviço das empresas ou das comunidades. Mas que isso requer muita determinação e coragem.
Entende que o empoderamento feminino é fundamental nesse processo. “Porque o empoderamento nada mais é do que o poder de decidir, de escolher, de participar. É o poder da igualdade”, destaca. Recorda que durante muito tempo as mulheres não tiveram as mesmas oportunidades que os homens. Hoje elas têm os mesmos direitos, mas ainda há muitos desafios a superar.
Destaca ainda a importância do trabalho dos Núcleos de Mulheres nesse processo de empoderamento, como uma espaço de apoio mútuo, de reconhecimento e de conhecimento para que desenvolvam seu potencial como empreendedoras nos negócios e na sociedade.
Para coordenadora NME da ACI, Niceia Wünsch, a iniciativa foi um grande sucesso. “Ter a oportunidade de compartilhar essas vivências com as integrantes do grupo e com tantas mulheres que participaram do evento foi muito enriquecedor e sem dúvida serve de estímulo para continuarmos o nosso trabalho”.