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Em um ano, Santa Cruz já conseguiu mais de R$ 1 milhão em microcrédito

EVERSON BOECK
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A especialista internacional em microcrédito, Evanda Evani Burtet Kwitko, ministrou uma interessante palestra na noite de terça-feira, 23, durante o primeiro Seminário de Microcrédito de Santa Cruz do sul. O evento foi realizado no auditório do Sindicato dos Bancários direcionado para microempreendedores, empresários e instituições. O seminário foi promovido pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul, em parceria com o Sebrae e com o apoio do Banco do Povo e da Juriti Microfinanças.
Durante a abertura do evento, o vice-prefeito Luiz Augusto Costa a Campis lembrou que a Prefeitura, através do Banco do Povo, tem tido uma experiência bem sucedida no que se refere a fomentar o negócio de microempreendedores da cidade. “Em doze meses de funcionamento, o Banco do Povo já garantiu através de parceiros a liberação de mais de R$ 1 milhão, beneficiando mais de 100 microempreendedores”, apontou.
Evanda apresentou um histórico do Microcrédito no Brasil e importância nos dias atuais. Durante o encontro, também foram apresentadas as linhas de Microcrédito disponíveis através do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul/Juriti, parceiros do Banco do Povo.

FOTOS: ROLF STEINHAUS

Evento realizado no Sindicato dos Bancários foi direcionado para
microempreendedores, empresários e instituições

EMPRESÁRIOS PRECISAM CONFIAR NO SEU POTENCIAL

Em sua palestra, Evanda apontou as principais dificuldades enfrentadas pelos novos empreendedores. Para ela, na maioria das vezes, a pessoa não sabe gerenciar e confunde os recursos da empresa com a renda familiar. “A questão de gestão é básica. Às vezes o empresário gasta o capital da empresa para questões pessoais e, depois, entra o suficiente para repor o material/produto que está faltando. Em outros casos, alguns começam um negócio porque o do vizinho deu certo, porém muitas vezes eles não sabem trabalhar com aquilo ou não há mercado para mais de um no mesmo espaço”, considera.
Antes de abrir um negócio, independente do porte, Evanda aconselha a fazer uma pesquisa de mercado e interesses. “O ideal é pedir ajuda para uma instituição com experiência, como o Sebrae, por exemplo, que dá cursos excelentes. Sempre sugiro ir testando suas habilidades, o mercado onde está inserido. Não há necessidade de muito recurso para iniciar algo que dê sustento. Temos um cliente, em Pelotas, que começou vendendo doces em uma caixinha e hoje, com 19 funcionários, vende para o exterior”, ilustra.
Outro aspecto importante a ser observado pelas pessoas que querem iniciar um negócio, segundo a especialista, é a confiança no seu próprio potencial. “Quando se fala em empréstimo, muitas pessoas pensam: ‘Você quer dar empréstimo para mim?’. As pessoas têm medo porque veem como dívida, quando deve ser visto como investimento, e crédito bem aplicado é investimento! Observamos uma falta de confiança em si mesmos e isso precisa ser trabalhado nestes futuros empreendedores. O Brasil tem muito para crescer e a oportunidade está aí”, sinaliza.

PRODUTO MUITO RECENTE

Conforme a especialista no assunto, no mundo, há cerca de 40 dias, o microcrédito estava sendo destinado para 200 milhões de empreendimentos. “Estamos gerenciando microcrédito no planeta há pouco mais de 30 anos. Esta atividade é considerada muito nova. Entende-se, então, que alcançar 200 milhões de pessoas em pouco tempo mostra os efeitos positivos e produtivos desse produto”, avalia a palestrante. Hoje os pequenos empreendimentos e a economia informal, segundo ela, são vistos como recursos para o desenvolvimento.
Evanda afirma que no Brasil, atualmente, recém estão sendo atendidas pelo microcrédito 1,2 milhão de pessoas quando os clientes potenciais somam 10,5 milhões de pessoas. “Há muito trabalho pela frente. Recém atingimos pouco de 12% deste público-alvo do produto”, analisa.
Na busca pelo microcrédito, de acordo com Evanda, os profissionais que mais solicitam o empréstimo estão nas áreas do comércio e serviços. Estão na faixa etária de 30 a 50 anos, em sua maioria mulheres chefes de família.

PROGRAMA GAÚCHO DE MICROCRÉDITO

Evanda destacou, ainda, o Programa Gaúcho de Microcrédito que foi criado no Rio Grande do Sul há pouco mais de um ano. “Aqui o programa está indo muito bem. Em um ano a iniciativa já conseguiu emprestado do Estado mais de R$ 100 milhões e nem todas as prefeituras aderiram ao programa e entenderam a importância do mesmo”, explica. Ela considera que a implementação do programa deve ser feita em todos os municípios, potencializa a economia local e valoriza os pequenos empreendimentos. “Isso gera empregos, renda, reduz a saída dos jovens dos municípios menores e dá melhores condições de vida para aquela população”, avalia. Mais informações sobre o programa no site: http://www.microcreditors.com.br.

MOVIMENTOS EM SANTA CRUZ

Durante o seminário, também foram apresentadas as linhas de Microcrédito disponíveis em Santa Cruz do Sul através do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul/Juriti, parceiros do Banco do Povo. Em doze meses de funcionamento o Banco do Povo já garantiu através de parceiros a liberação de mais de R$ 1 milhão, beneficiando mais de 100 microempreendedores locais. Este trabalho tem sido fomentado pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul.
A parceria entre as três instituições e o Banco do Povo já resultaram em altos valores destinados a empréstimos para empreendedores do município. Nos últimos 12 meses o Banrisul/Juriti registrou um movimento de aproximadamente R$ 500 mil, o Banco do Brasil R$ 370 mil e a Caixa Econômica Federal R$ 130 mil.

Quem é Evanda Evani Burtet Kwitko?

Pedagoga com cursos de Pós-Graduação em: Planejamento, Avaliação, Supervisão, Pesquisa e Metodologia de Educação de Adultos. Tem ampla experiência em desenvolvimento de recursos humanos e produção de metodologias creditícias e de capacitações com ênfase na área de microcrédito/microfinanças – urbana e rural. Há mais de 25 anos atuando nas capacitações de adultos, com foco em empreendedorismo, desenvolvimento organizacional participativo, educação financeira e microfinanças no Brasil, Bolívia, Colômbia, Cabo Verde, Moçambique e Angola. Presta serviços de consultoria em organizações nacionais e internacionais de desenvolvimento, empresas privadas, bancos e instituições microfinanceiras. Criou e dirige a empresa CREAR Brasil, especializada em microfinanças. É diretora de Relacionamento com o Mercado da OSCIP Juriti Microfinanças.