A Catavento, companhia circense de Goiânia (GO), estará em Santa Cruz do Sul nos dias 29 e 30 de junho para apresentar seu mais novo e maduro trabalho. “Hi.a.to” será apresentado no Teatro Mauá às 20 horas. A entrada é franca. O espetáculo tem como diretor Felipe Nicknig, natural de Santa Cruz e que volta à terra natal para apresentar o seu trabalho. Hi.a.to teve a sua estreia em 2021 e ganhou a sua primeira circulação nacional neste ano e ainda vai passar por Porto Alegre (RS), Uberlândia (MG) e Campo Grande (MS). O espetáculo chega a Santa Cruz do Sul depois de passar por Brasília, Anápolis, Goiânia e Fortaleza. Esse projeto conta com apoio do Fundo Estadual de Cultura de Goiás.
O espetáculo, que apresenta ao público números com trapézio, tecido e passeio aéreo, ainda oferece uma trilha sonora autoral que oferece uma experiência estética e sensorial sobre esses sentimentos narrados por Nicknig. Ao longo dos últimos anos, o diretor tem investigado bastante sobre a técnica circense nas acrobacias aéreas e difundido bastante o trabalho com os aéreos dinâmicos. Além disso, tem se debruçado sobre questões estéticas em busca de possibilidades e formas do fazer circense. “Hiato leva para cena um pouco do que foram esses últimos anos, revelando um novo momento técnico e estético do nosso trabalho”, comenta o diretor.
A circulação
Um catavento para a companhia: é como Felipe Nicknig define a circulação desse espetáculo neste momento. Neste ano em que completam onze anos, a circulação vem como oportunidade de dar vazão ao que construíram ao longo desses anos e fortalecer ainda mais o trabalho da companhia. Durante essa última década, a Catavento realizou diferentes frentes de trabalho com a intenção de construir trabalhos que pudessem circular por outras cidades, estados e países. “Acredito que essa circulação chega num momento que, por pelo menos dois anos, viemos construindo: este movimento de expandir nossos horizontes, extrapolar os muros da nossa atuação em Goiânia e no estado de Goiás”, comenta o diretor.
Viajar pelo país levando um trabalho autoral, além de dar visibilidade para a companhia, é uma oportunidade ímpar de crescimento e maturidade, segundo Nicknig. A circulação, comenta, traz um novo ritmo de trabalho, diferente ao que estão habituados em Goiânia. “Aprender como é fazer circo e arte em cada lugar, se deparar com diferentes públicos, com diferentes profissionais de outras cidades e estados provoca muitas reflexões e intercâmbios”, comenta o diretor.
Felipe Nicknig conta que a escolha das cidades contemplou o desejo de circular de norte a sul do país. Além disso, eles se pautaram nas relações que já tinham cultivado com artistas, produtores e espaços que desenvolvem trabalho com circo e teatro. Assim, foi possível incluir no projeto oito cidades, além de Goiânia, para receber o espetáculo. “Para nós é importante expandir os trabalhos da Cia Catavento para outras cidades e estados e também garantir esses intercâmbios com grupos que já desenvolvem trabalhos em suas regiões. Porque isso soma muito com o trabalho de divulgação da circulação bem como da própria companhia e de seus trabalhos”, comenta o diretor.
Sobre o espetáculo
Para que serve a utopia? Quando Eduardo Galeano foi interpelado por essa questão ele respondeu: “para caminhar”. É esse sentimento que move Felipe Nicknig, diretor da Companhia Catavento, e que o inspirou na criação de “Hi.a.to”, uma primeira aproximação do trabalho de investigação de Nicknig sobre instabilidade e estabilidade. “Caminhar é transitar nesta linha tênue que se constitui entre a estabilidade e instabilidade. Este caminhar é sobre a vida, sobre o viver, sobre todos os desafios, anseios, medos e coragens que se interpõem na caminhada contra a nossa vontade”, compartilha o diretor sobre os sentimentos que atravessam esse espetáculo.
Hiato, na língua portuguesa, significa o encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes, ou seja, se constituem, estão juntas e separadas ao mesmo tempo. Também representa o encontro de duas pessoas em cena que experimentam essa linha tênue entre instabilidade e estabilidade, equilíbrio e desequilíbrio, competitividade e cooperação, explorando as possibilidades desta relação, sem romper com nenhum dos lados, afinal de contas é necessário certa prudência ou a vida seria impossível, ou então muito breve.
Onze anos de Catavento
A história da Catavento Companhia Circense começa em 2011 a partir da vontade e curiosidade por investigar e pesquisar novas possibilidades, formas e estéticas no universo do circo. Em 2019, a cia inaugurou sua nova sede, no setor Bela Vista, em Goiânia, em um galpão de 310 m2. Trata-se de um centro cultural dedicado ao circo onde a companhia desenvolve todas as suas atividades: pesquisas, criações, formações, aulas de iniciação, curso profissional, ensaios da companhia, além das residências/workshops.
Nos cursos livres de circo, a Catavento Companhia Circense oferece aulas para cerca de 150 pessoas entre crianças, jovens e adultos em aulas amadoras de circo. Anualmente, a Catavento recebe entre 10 e 15 artistas para frequentar o NUFAAC (Núcleo de Formação Ampliada para o Artista de Circo). Ao longo dos últimos anos a Catavento Companhia Circense tem se destacado no cenário circense regional e nacional através da atuação estratégica e pela qualidade dos projetos. A companhia recentemente estreou dois novos trabalhos: o vídeocirco “O Acaso” e o Filme “Atravessar-se”, livremente inspirado na vida e na obra de Cora Coralina. A companhia participou do Palco Giratório do Sesc em 2022 exibindo “Atravessar-se”.
No último período participou de importantes festivais: Festival de Circo de Taquaruçu (2020), Festival Aldeia SESC de Artes (2020), Festival Internacional de Circo de SP – FIC (2020), 1o Festival de Cinema e Memórias Cerratenses (2021), Festival Latino-americano de Artes “Juntos” (2021), e recentemente a Catavento Companhia Circense participou do 20o Festival Mundial de Circo de Belo Horizonte e foi selecionada no Edital Nacional de Artes da Qualicult.
Em reconhecimento ao trabalho desenvolvido e pela notória contribuição com o desenvolvimento artístico/cultural regional e o cenário circense, a Catavento Companhia Circense foi premiada com o Troféu Buriti, concedido pelo Conselho Municipal de Cultura de Goiânia ano 2017/2018 e em 2019 foi premiada com Diploma de Destaque Cultural e Medalha de Mérito Cultural do Troféu Jaburu, concedido pelo Conselho Estadual de Cultura e Casa Cível do Estado de Goiás ano 2018/2019. Em 2021 e 2022 Felipe Nicknig ainda ministrou workshops na França, Itália e Portugal.