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Eleições municipais: clima de passionalidade é comum

Foto: Rolf Steinhaus
Juiz da 162ª zona eleitoral, André Luís de Moraes Pinto
 

Mara Pante
 
 
 “O jogo eleitoral tem regras e é esse jogo que estamos jogando”, pontua sempre o juiz André Luís de Moraes Pinto, da 162ª zona eleitoral lembrando que é necessário estar sempre atento aos princípios eleitorais. A propaganda no rádio e TV vai até 4 de outubro. No dia 5 encerra na mídia escrita e no dia 6, é o último dia com amplificadores de som, distribuição de material gráfico e carreatas. Neste período o eleitor é brindado com musiquinhas, elogios, ofensas disfarçadas ou não, promessas e críticas de vários calibres. Vamos conferir como o juiz responsável pela propaganda eleitoral percebe o cenário do momento:
 
 
RIOVALE JORNAL – Qual o cenário eleitoral que se vislumbra neste momento, quando falta pouco menos de um mês para o pleito?
 
JUIZ ANDRÉ LUÍS DE MORAES PINTO – O início do horário de propaganda gratuita de rádio e televisão naturalmente amplificou o debate eleitoral, envolvendo candidatos e eleitores. As pessoas se sentem mais tocadas por meios de comunicação massificados. Nossa expectativa é que o espaço seja aproveitado para a apresentação de propostas densas, para o firmar de compromissos, para a discussão em torno da gestão e das políticas públicas prioritárias de cada agremiação que disputa o Paço Municipal, e para que os candidatos à vereança possam se apresentar, se dar a conhecer e expor os seus propósitos.
 
Rolf Steinhaus
André Luís: clima de passionalidade é comum em eleições municipais
 
 
RIOVALE JORNAL – Baseado em sua experiência, a tendência é aumentar ocorrências, denúncias e um marketing mais agressivo, ou os rigores da lei eleitoral impõem medo a ponto de nem tentarem?
 
JUIZ ANDRÉ LUÍS DE MORAES PINTO – As eleições municipais tradicionalmente são mais acirradas, se desenvolvem num clima de maior passionalidade e emoção, porque envolvem a disputa pelo poder local, são disputadas por pessoas que estão próximas, que se conhecem, que convivem, que circulam na mesma ambiência. No entanto, não tenho dúvida alguma, que os eleitores de Santa Cruz do Sul, esperam que aqueles que se apresentam como candidatos a lhes representar na Prefeitura e na Câmara de Vereadores se conduzam com urbanidade, respeito e civilidade.
Por outro lado, não podemos querer arredar do cenário eleitoral o saudável embate de ideias e a comparação de projetos de governo, cabendo ser tolerada a crítica política e ideológica. Afinal, a democracia se articula com a dialética e não com o monólogo.
 
 
 
RIOVALE JORNAL – Quantas denúncias já foram registradas até agora? Qual o teor de maior índice?
 
JUIZ ANDRÉ LUÍS DE MORAES PINTO – As nove representações que até agora foram ajuizadas na 162ª Zona Eleitoral preponderantemente, se referem à propaganda irregular nas inserções e no espaço de bloco no horário destinado a mídia de rádio e televisão. Todas já se encontram decididas. Naquelas que mereceram julgamento de procedência, isolada ou cumulativamente, foi determinada a retirada do programa do ar, a perda de tempo de propaganda e a penalidade de multa.
 
 
RIOVALE JORNAL – O Estatuto do Menor e Adolescente permite utilizar crianças nas propagandas eleitorais gratuitas em rádio e especialmente na TV? Já ocorreram denúncias sobre isso?
 
JUIZ ANDRÉ LUÍS DE MORAES PINTO – Este questionamento tem que ser dirigido à Promotoria ou ao Juizado da Infância e da Juventude (vide box abaixo). Até o momento, não tenho conhecimento de nenhuma denúncia sobre isto.
 
 
RIOVALE JORNAL – Já que existe um percentual obrigatório de nomes femininos por partido, não seria, no seu entender, justo que houvesse igualmente um percentual de presença feminina obrigatório nas bancadas do Legislativo? 
 
JUIZ ANDRÉ LUÍS DE MORAES PINTO – Apenas para esclarecer, a cota mínima de registro de candidatos aos parlamentos é por gênero e não para a mulher, especificamente. Contudo, não nos é dado desconsiderar que esta salvaguarda se destina a fomentar a participação feminina na vida político-partidária e estimular seu ingresso nas marchas eleitorais.
Com isso, estão criadas algumas condições para que a mulher passe a compreender que este importante espaço de intervenção na arena pública também é seu e que reúne todos os predicados para uma atuação qualificada.
A conquista de maior representação nas casas legislativas, me parece seja uma questão de tempo, de caminhada histórica.
Não sei se atingirá o nível de presença masculina, porquanto não podemos desconsiderar o fato de que há um número significativo de mulheres a exercer sozinhas a administração da casa e da família; de outras tantas que apesar de terem a presença física do marido em casa, se desincumbem sozinhas destas funções. A realidade da tripla jornada para a mulher trabalhadora ainda é um entrave para a atividade comunitária e o envolvimento político-partidário delas.
 
 

 
Foto: Rolf Steinhaus
 
 
A promotora eleitoral da 162ª zona, Vanessa Saldanha de Vargas (FOTO),
consultada sobre  a questão relacionada à utilização de crianças e
adolescentes na propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV
diz que do ponto de vista eleitoral
não há nada contra