Mara Pante
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A Unisc TV transmitiu na noite de terça, 25, entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Foram quinze minutos para cada um, começando (via sorteio), por Kelly Moraes da coligação A Força do Povo, seguida de Telmo Kirst, da coligação Todos por Uma Santa Cruz Melhor e por Silvério Stölben do PSTU. Ancorado pela jornalista Daiane Balardin, o programa vai ter reprise no canal 15 da Net, ainda nesta quinta e sexta, 27 e 28, às 19h.
Foto: Rolf Steinhaus
Quem ganhar as eleições em 7 de outubro vai ocupar a cadeira do Executivo
nos próximos quatro anos e comandar os rumos deste município
QUE TERRA É ESSA?
O primeiro questionamento sugeria aos candidatos que apresentassem o município a um estrangeiro. Kelly mostrou uma cidade arborizada, acolhedora, um povo organizado, empresas que cuidam do desenvolvimento econômico, com uma gastronomia invejável, dizendo que quem passa por aqui, volta. Telmo ironizou que vista através dos programas eleitorais é a cidade das mil maravilhas, mas que a realidade tem problemas graves na Saúde, Educação, Trânsito e Segurança Pública. Silvério por sua vez falou do orgulho em morar aqui, mas lamentou que a cidade limpa, de trânsito organizado de sua infância não exista mais.
DEMOCRACIA
Para Kelly democracia é a expressão do cidadão eleitor – “é assim que interpreto o respeito ao cidadão não só na política, mas no dia-a-dia”, frisou, afirmando ser muito democrática no diálogo: “nós políticos exercemos a democracia todos os dias”, encerrou. Telmo disse que democracia é o governo do povo para o povo e pelo povo. “Democracia é comparecer aos debates”, alfinetou se referindo ao debate da TVCom, ao qual Kelly não compareceu. Silvério agradeceu a Deus pela democracia conquistada por conta de vidas ceifadas na ditadura militar. Criticou a falta de democracia na questão eleitoral onde os espaços na mídia não são iguais: “a RBS TV nos retirou dos debates baseada na lei que o permite (partidos sem representatividade no Congresso Nacional)”, pontuou.
CULTURA
Kelly lembrou a criação do Conselho de Cultura em seu governo e do tombamento do Palacinho da Praça da Bandeira que na próxima gestão, se eleita for, vai se tornar um Centro Municipal de Cultura. Telmo frisou a importância de se cultuar as tradições e também a importância da cultura nos aspectos que envolvem os jovens. Silvério disse que o setor público não tem apoiado a cultura e lembrou os antigos festivais de música, frisando que o município deveria manter escolas de teatro, a exemplo dos países desenvolvidos.
SUSTENTABILIDADE
Kelly sinalizou a parceria fechada com os catadores em seu governo, para a coleta seletiva solidária e a inclusão social. Telmo disse que é um tema que deve envolver toda e qualquer pessoa e todo e qualquer governo e Silvério destacou que não pode haver programas não sustentáveis na atualidade. Mas que isso só ocorre quando há diversidade agrícola e um parque industrial compatível. Criticou a coleta de resíduos no município realizada por empresa privada, segundo ele, interessada apenas na quantidade de lixo que consegue juntar nos caminhões.
UNIVERSIDADE
Kelly disse que a Unisc é parceira da Prefeitura, o ponto de partida de todos os projetos. Telmo definiu a universidade como o ser pensante de uma região – “a fonte de sabedoria e o impulso que beneficiam”. Silvério frisou que a educação tem que começar bem na infância e para todos, não apenas para alguns, se referindo à falta de vagas nas escolas de educação infantil.
TABACO
Fortalecer a produção ou substituir a matriz, foi a pergunta feita primeiramente à Kelly Moraes: “a gente defende com veemência a manutenção da cadeia produtiva do tabaco, mas trabalhamos a longo prazo a diversificação. Acreditamos que a cultura do tabaco não tem substituto à altura pela rentabilidade”, respondeu. Telmo se reportou a quando foi relator, pela Comissão de Agricultura, do Projeto de Lei que regrava as relações entre produtor e indústria, pelo Sistema Integrado. Disse ser necessário trazer para o município, novas matrizes através desse sistema, como aves e suínos. Silvério disse que a cada eleição chegam os defensores da fumicultura e que os únicos que sofrem são os trabalhadores e os colonos – quando há crise, tudo é desculpa para baixar o preço do produto ou dos salários.
JANEIRO DE 2013
O que vai melhorar, continuar ou mudar em janeiro de 2013 foi a pergunta feita aos três candidatos em várias áreas. Na educação, Kelly respondeu que se reeleita vai continuar investindo na qualificação do funcionalismo, ampliando escolas e criando creches e apontou as nove escolas de turno integral criadas neste mandato. Telmo disse que ninguém o convence que Santa Cruz não pode ter a melhor educação do RS e que para isso os profissionais têm que estar motivados com Plano de Saúde e piso salarial equiparado ao nacional do magistério. Silvério seguiu pela mesma linha falando do piso e plano de saúde.
SAÚDE PÚBLICA
A Saúde sempre foi a número 1 do nosso governo, afirmou Kelly e continuará prioridade: “aplicamos 22% quando a lei exige 15%”. Apontou ainda as quatro estruturas 24h mantidas pela Prefeitura: duas do governo Sergio Moraes e duas do dela, o Pronto Atendimento e a UPA do Bairro Esmeralda. Telmo lembrou que continuam as filas e a falta de fichas para consulta. Para ele a solução é implantar um Plano de Carreira para os médicos, investindo mais que os R$ 80 milhões atuais e fazer com que sejam funcionários e deem expediente. Silvério também bateu nas faltas de vaga pra exames, leitos hospitalares e cirurgias.
TURISMO
Kelly reforçou o calendário de eventos oferecido pelo município, como a Oktoberfest, Enart, Santa Cruz é Joia e as provas do Autódromo. “Assim queremos prosseguir”, enfatizou. Telmo focou o projeto de entorno do Lago Dourado concebido em 2007 quando presidia a Corsan e que em 2008 foi cedido em comodato ao município. “Eu não pude implantar, nunca fui prefeito, (mas quem era poderia tê-lo feito)”, sugeriu. Silvério disse que o turista paga caro para conhecer a Serra Gaúcha – temos que explorar nosso interior que é lindo e culpou a imprensa pela pouca divulgação.
PRIMEIRO ATO, SE ELEITO
“Aprendi muito com os aliados, com meu vice e com a comunidade. Vamos fazer melhor baseados nesse aprendizado”, declarou Kelly. “Vou primeiro tomar posse e depois dizer que a água é nossa – até lá já terei, assim que for eleito, pedido à prefeita atual a suspensão do processo licitatório em andamento”. “Se há espírito de mudança, está na nossa candidatura”, bradou Silvério Stölben.
O NÍVEL DO EMBATE
Kelly Moraes disse que acompanha embates políticos há mais de vinte anos e que na reta final é normal o acirramento. “Tem situações que é preciso responder e ninguém ganha com isso”, pontuou. Telmo entende que o embate tem se conduzido na TV em nível elevado, no rádio não. “Nas redes sociais têm pessoas que extrapolam, exageram e ofendem”, situou. Silvério disse que os outros dois (Kelly e Telmo) fogem do debate como aquilo foge daquilo (o diabo da cruz). “Quem não quer debater proposta, é sinal que vai ficar no “fulano prometeu e não cumpriu””.
E EM 2016?
Os candidatos foram questionados, se eleitos, como estaria o município ao final da gestão, em dezembro de 2016. Kelly projetou um município em desenvolvimento, gerando emprego e renda, atraindo empresas de fora a exemplo do que já ocorreu com a Ambev e MacDonalds. Telmo anteviu o novo Distrito Industrial e o porto seco, além do projeto do Lago Dourado. “Construí sem ainda ter sido prefeito”, destacou. Silvério frisou que vai dar prioridade e vez à população, não terceirizar serviços essenciais como iluminação pública, transporte coletivo, recolhimento do lixo e a água como agora. “Com tudo privatizado qual a função do prefeito além de receber?”, questionou.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Santa Cruz caminha para o moderno. Temos certeza que podemos contribuir muito mais com o município. Estou preparada e peço à comunidade que me deem seu voto de confiança”, foi a fala final de Kelly Moraes. “Quem não respeita seu adversário, não respeita o povo que o apoia”, falou Telmo Kirst que emendou: “Santa Cruz caminha para um endividamento perigoso e sem volta”, se referindo ao que denomina de gastança na prefeitura. “Se mantendo os CCs e este cabide de empregos, em quatro anos se gasta o orçamento de um ano na Saúde – R$ 80 milhões, que poderiam ser usados na educação e na valorização do esporte e segurança”, finalizou Silvério Stölben.