A Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc) suspendeu suas atividades no dia 16 de março, logo que o tema pandemia de Covid-19 ganhou os noticiários no Brasil, Estado e região. Foi uma decisão da coordenação da escola em consonância com a diretoria da sua mantenedora, a Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas (Agefa), visando garantir a segurança dos estudantes, das famílias e dos profissionais envolvidos no processo educativo da Escola. Afinal, são 110 estudantes de Ensino Médio Técnico em Agricultura, oriundos de 10 municípios do Vale do Rio Pardo, numa faixa etária entre 14 e 18 anos de idade.
Dois aspectos principais foram levados em conta e reforçam a necessidade de isolamento: o fato da Efasc ser um espaço de Internato (onde os estudantes convivem 24h de segunda a sexta-feira – em sala de aula, alojamentos coletivos e refeições) e por ser uma escola regional, que recebe jovens de 11 municípios do Vale do Rio Pardo. Além disso, os estudantes da Efasc, na sua grande maioria, moraram junto ou perto dos seus avós, que compõem o grupo de alto risco em relação à Covid-19.
Desde então, os monitores da escola, articulados pela sua coordenação e em contato com a diretoria da Agefa, vêm elaborando e coordenando uma série de atividades teórico/práticas a serem realizadas em casa pelos estudantes, considerando o Plano de Formação Pedagógico da escola. Busca-se assim manter o vínculo afetivo e de estudos com a Escola, envolvendo os estudantes e suas famílias nas pesquisas e também nas práticas agropecuárias. É uma forma de estabelecer a relação Escola-Família, base primordial da Pedagogia da Alternância vivida pela Efasc.
Para articular todo esse processo, os monitores da Escola se reúnem virtualmente duas vezes por semana, fazendo assim o planejamento e a instrumentalização dessas atividades. Em seguida, todo o material é disponibilizado aos estudantes via Google Drive (textos, vídeo aulas, áudio aulas, links de filmes/documentários), onde esses acessam o material e fazem as suas atividades correspondentes, dentro de um prazo estabelecido pela Escola. As informações mais urgentes são encaminhadas aos grupos de WhatsApp de cada turma, dinamizando bastante as informações. Uma pesquisa diagnóstica feita no início da pandemia revelou que cerca de 90% dos estudantes da Efasc têm acesso relativamente fácil à internet e os demais, com certa dificuldade, mas têm acesso.
Cada monitor ficou responsável pelo contato direto via WhatsApp com um grupo específico de estudantes (no máximo 10), a fim de estabelecer um canal de comunicação para resolução de dúvidas, dificuldades técnicas, partilha das atividades realizadas, conversas em geral, especialmente para a manutenção do vínculo pedagógico.
No final do mês de abril, no intuito de humanizar e tornar mais próximo esse período de afastamento, o grupo de monitores da Efasc elaborou um vídeo especial para os estudantes e famílias, em que cada monitor(a) relatou como estão as suas atividades em casa nesse período e manifestando o seu desejo de retorno, o sentimento de saudade e de esperança que tudo irá se resolver em breve.
Desde o início desse mês, os monitores da Efasc estão organizados em regime de plantão para manter a escola aberta nas terças e quintas-feiras à tarde, das 13h30 às 17h30. Seguindo todos os protocolos de proteção, higiene e com horário agendado, estudantes e famílias que apresentem alguma necessidade específica estão sendo atendidos na escola. Dessa forma também é possível realizar a manutenção necessária na estrutura física da escola.
O próximo passo será a realização de vídeo conferências com cada uma das turmas, a fim de proporcionar um encontro “ao vivo” para compartilhar as atividades de cada estudante em casa, bem como repercutir as dificuldades relacionadas à pandemia e à estiagem em relação à agricultura familiar.
A diretoria da Agefa também está se reunindo quinzenalmente de forma virtual para analisar o cenário e ficar a par do que vem acontecendo pedagogicamente com os estudantes.
“Tem sido um tempo de reinvenções para todo mundo e para Efasc não seria diferente. A Pedagogia da Alternância requer sempre a presença dos seus entes (Estudantes, Famílias, Monitores, Associação e Parceiros), mas nesse período, o uso da tecnologia tem sido uma alternativa, para garantir o menor prejuízo possível na formação dos jovens. Afinal, é tempo de nos cuidarmos e assim, cuidar das pessoas que estão à nossa volta”, finalizou coordenação da Efasc.