A drogadição é um problema que atinge a todos e é responsabilidade de todos. Hoje, nosso país, capitais, cidades e bairros, pouco a pouco, estão sendo tragadas pelo tráfico e a violência que a droga traz. Um dia, esse problema pode estar batendo à sua porta – seja porta de um barraco, mansão, loja, indústria, igreja, escola, escritório.
Ninguém pode dizer: “esse problema não é meu”, pois esse problema já é nosso. Então, porque nós todos não nos envolvemos na solução dessa situação que nos corrói aos poucos? Porque, talvez, muitos ainda veem o problema só nos jornais escritos e falados e não supõem que, no quarto ao lado, dormindo comigo, chegando da escola ou até mesmo rezando comigo, esta pessoa já está nas drogas.
Estamos presenciando uma cena triste nos últimos dias. Os moradores de rua da Cracolândia, de maneira violenta, estão sendo expulsos, espalhados para outros lugares de São Paulo. Esta é a solução? É óbvio que não. Estamos apenas transferindo o problema para outra rua, outro bairro ou até mesmo outra cidade. Fica claro que outros ocuparão o mesmo lugar.
A Igreja atua com experiência concreta há anos, como é o caso das fazendas de recuperação, como a Fazenda Esperança, experiências ainda pouco conhecidas, infelizmente!
Recentemente, preguei para 600 adeptos em recuperação da Fazenda Esperança do Frei Hans, em Guaratinguetá (SP), e lá encontrei homens e mulheres sedentos de uma segunda chance. Encararam o processo de restauração sabendo que, sem Deus, isto não é possível. Agora, quando se fala em Deus nesse trabalho de recuperação, alguns céticos podem, por um momento, dizer ou pensar que são amadores ou espiritualistas fazendo a parte que lhes cabe. Até nos admiram pelo empenho e dedicação, mas não acreditam que essa seja a solução.
A Igreja pode auxiliar a sociedade e o próprio governo no processo de recuperação. E digo isso com a experiência no resgate de pais de família, jovens, homens e mulheres que dão testemunhos de como saíram dessa armadilha.
Governo e Igreja juntos parece utopia. Mas, não é! O governo tem os recursos e a Igreja tem a experiência já testada e comprovada. Eu mesmo sou fruto dessa força do bem! Eu saí das drogas pela força do acolhimento e da espiritualidade que a Igreja me ofereceu.
Se consultadas, as pessoas que estão há anos nesse trabalho trariam aos governos, Nacional, Estadual e Municipal uma “luz no fim do túnel”. Cuidaríamos dos doentes e eles cuidariam das fronteiras, do comércio ilegal de armas, carros roubados que são trocados por cocaína nas fronteiras, etc…
Usar da violência contra pessoas que estão doentes não é a solução. A repressão e a força bem canalizadas dão resultado, mas quando mal colocadas denigrem o ser humano. Acabam com o pouquinho de dignidade que lhe resta. Eu acredito que podemos vencer as drogas se nos unirmos. Nessa luta, repito: JUNTOS – Igreja e Governo teremos a solução!
*Missionário da Comunidade Canção Nova, apresentador do programa PHN (Por Hoje Não) transmitido pela TV Canção Nova