O Carnaval aglomera mais que show sertanejo ou evento esportivo de qualquer natureza?
Certamente não. A comemoração, assim como tantas outras, reúne pessoas em grande número, mas isso não significa ser maior ou mais perigosa que as demais.
No caso da proliferação da Covid 19 e os efeitos de contágio da variante Ômicron, o Carnaval é o único evento capaz de aumentar o contágio?
Certamente não. Todo e qualquer evento que tiver um grande número de participantes é capaz de causar o aumento de casos da doença, entupir leitos clínicos e de UTI e ainda contaminar atendentes, enfermeiros e médicos e levar muitos a óbito.
Em muitas cidades do País, a festa de momo foi cancelada, adiada ou extinta neste ano, mas ao mesmo tempo, os campeonatos estaduais acontecem reunindo grandes públicos, às vezes em estádios apertados. Na quarta-feira, tivemos São Luiz e Internacional no Estádio 19 de outubro com um público que lotou todas as dependências e grande parte desse público sem máscaras. Na mesma quarta, na Arena do Grêmio, o tricolor venceu o São José, ambos da Capital, com mais de nove mil pessoas no estádio, com alguns grupos como a torcida da geral compactada em seu espaço.
Parece-me que shows grandiosos de músicos, especialmente sertanejos, continuam acontecendo e reunindo dezenas de milhares de assistentes e, como no futebol, sem observar criteriosamente os protocolos sanitários.
Exigem apresentação de passaporte vacinal para os que comparecem, irão alegar alguns, mas bem sabemos que estar vacinado não significa que não se pode vir a transmitir ou adquirir o vírus, mesmo que de uma forma mais amena, com menos mortes, menor tempo de internação ou sintomas mais atenuados. A circulação continua e é facilitada quando muita gente está reunida.
Para uma efetiva prevenção, é óbvio que QUALQUER acúmulo de pessoas deveria ser evitado. Ou, melhor, TODOS eles deveriam estar suspensos. Prega moral de cueca e age de maneira discriminatória o agente público que proíbe o samba nas ruas, na avenida, nos salões ou no Ginásio Poliesportivo de Santa Cruz do Sul, mas fecha os olhos para, por exemplo, a realização de jogos de basquete da NBB no mesmo espaço e com presença em grande número de torcedores. Ou se permite que os eventos aconteçam ou fecha-se para qualquer um. O melhor seria que nenhum acontecesse. O justo seria que todos fossem tratados de maneira idêntica e com mesmo peso e medida. Se não é assim, vê-se um resquício de sectarismo, ao menos, nas decisões.
Cabe, neste período de pandemia, um elogio para a prefeita da cidade de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), que tomou a iniciativa de exigir, pelo menos, o passaporte vacinal para quem frequentar espaços públicos que vão desde bares e restaurantes até eventos de grande porte.
Restaurantes e bares terão ainda que se restringir a 50% a ocupação dos ambientes e não permitir o consumo em pé. A medida tem duração de uma semana e a seguir será avaliada.
Justificando a medida, a prefeita disse que não pode obrigar quem não queira se vacinar, é um direito da pessoa, mas também é um dever de ele ficar em casa para evitar contágios.
Moïse é o nome da vez
O congolês de vinte e poucos anos foi espancado até a morte em uma barraca de nome Tropicália na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Morreu por cobrar R$ 200 pelo trabalho de freela no local.
O Brasil que a família dele escolheu para abrigo não soube acolhê-lo com segurança.
Tomara que esse crime não fique impune como outros, entre eles o do assassinato da vereadora Marielle.