Caros diocesanos. A Iniciação à Vida Cristã é um caminho litúrgico-catequético que inicia as pessoas no mistério de Cristo e ajuda a amadurecer na fé e comunhão da Igreja, tendo como meta a maturidade em Cristo. A Liturgia nos ajuda a estarmos em constante aprofundamento de nossa fé e do compromisso comunitário.
A Liturgia celebra o Ano A, com sua rica distribuição da Palavra de Deus, sobretudo nos domingos da quaresma, tendo nítida orientação para a Iniciação da Vida Cristã (Batismo-Confirmação e Eucaristia), dentro do espírito da catequese catecumenal. Esta riqueza recuperada dos primeiros séculos pode ser celebrada a cada domingo da quaresma.
Já nos damos conta que no 1º domingo da quaresma as leituras apresentaram paralelo entre Adão, símbolo da desobediência e do pecado, e Cristo, símbolo da obediência e da vida. Os cristãos participam dessa nova vida em Cristo pelos sacramentos, desejadosansiosamente pelos catecúmenos (catequizandos), que estão sendo iniciados na fé cristã.
No 2º domingo Deus chamou Abraão, pai da fé e do Povo de Deus, do qual surgiria mais tarde o salvador. Se no evangelho do episódio da tentação (1º domingo) prevaleceu o aspecto de prova e de luta, da parte de Jesus, contra satanás, na transfiguração prevalece a vitória gloriosa. Deus nos salvou e nos chamou gratuitamente para uma vocação santa, iniciada pelo batismo.
Nos domingos seguintes são colocados os evangelhos de São João, que sustentam a catequese de iniciação cristã, com os símbolos: água – luz – ressurreição.
No 3º Domingo da quaresma Jesus é apresentado como a água viva (Jo4, 5-42): “Quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede” (Jo 5, 14). A primeira leitura (Ex 17, 3-7) lembra a água da rocha que sacia a sede do povo no deserto. A segunda leitura (Rm 5, 1-2.5-8) recorda que o amor de Deus foi derramado também em nossos corações pelo Espírito Santo (batismo).
O 4º Domingo da quaresma apresenta Jesus como a luz do mundo (Jo 9, 5). No evangelho deste domingo (Jo 9, 1-41) Jesus conduz um cego das trevas à luz. Inicialmente, à luz física; depois, à revelação, à fé. O cego passa por um ritual progressivo, imagem do processo que transforma os catecúmenos, a partir da fé (iluminação), em videntes que exclamam: “Eu creio, Senhor!” (Jo 9, 38). O texto também revela a cegueira dos fariseus, mesmo não sendo cegos, fisicamente. Sua cegueira se caracteriza pelo não reconhecimento de Jesus, como o enviado para ser a luz do mundo.
Na segunda leitura (Ef 5, 8-14), São Paulo chama os cristãos de luz do Senhor: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz” (Ef 5, 8-9). A primeira leitura deste domingo (1Sam 16, 1b.4ª.6-7.10-13) remete ao tema catecumenal da unção. Davi é consagrado rei pela unção. Deus olha o coração (fé) e não as aparências (1Sm 16, 7). Desde aquele momento o Espírito do Senhor apoderou-se dele (1Sm 16, 13). A Palavra de Deus nos revela como os catecúmenos (catequizandos) se preparam para receber a água viva e a unção do Espírito.
Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul