LUANA CIECELSKI
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A sessão dessa terça-feira, dia 21 de agosto, da Associação Amigos do Cinema de Santa Cruz promete emocionar aqueles que dela participarem. Enquadrado dentro do neo-realismo italiano que surgiu em meados dos anos 1940, e dirigido por aquele que é considerado o grande poeta desse período, Vittorio de Sica, o filme Ladrões de Bicicleta foi o longa metragem escolhido para ser exibido. Com pouco mais de uma hora e meia de duração ele conta uma história do pós-guerra, assim como outras narrativas desse mesmo gênero de cinema.
Nessa história somos apresentados à família de Antonio Ricci. Muito humildes, eles lutam diariamente para se sustentar em um período logo após a guerra, em que muitas pessoas estão passando fome e outras necessidades. Depois de uma longa espera, Ricci finalmente consegue um emprego (o de colar cartazes na rua). Para exercer essa atividade, porém, ele precisará de uma bicicleta.
Sem qualquer dinheiro sobrando, Ricci e sua esposa não veem alternativa a não ser penhorar as roupas de cama da casa para conseguir adquirir o veículo. Mas feito isso, ele sai finalmente para trabalhar. Há um clima de esperança no ar, esperança de mudança na vida dessa família. Mas então uma coisa terrível acontece. Para desespero de todos, a bicicleta é roubada. E esse roubo desencadeia o restante da narrativa. Acompanhado por seu filho Bruno (Enzo Staiola), Antonio sai para procurar a bicicleta pela cidade.
Além do enredo muito emocionante, o filme também é muito elogiado pela trilha sonora que é de arrepiar qualquer um, e que ajuda a construir o clima da história. O mesmo vale para a fotografia. Além disso, a gravação do filme é repleta de curiosidades. Uma delas é que os atores dessa história são todos amadores, um fato que se tronou comum no período até mesmo por causa da falta de verba. Isso também mostra que De Sica sabia sempre como ninguém guiar seus atores, porque em nenhum momento pode-se afirmar que aquelas pessoas em frente à câmera não são convincentes.
E é aí que entra outra curiosidade. Quando era necessário, recursos mais pesados eram usados. Um exemplo registrado foi o de uma cena em que Bruno tinha que chorar após apanhar do pai, mas Enzo não conseguia chorar. Sabe o que a produção fez? Pode até parecer um pouco cruel, mas funcionou: eles colocaram cigarros escondidos em seu bolso e começaram a acusá-lo de roubo. Ofendido, o menino começou a chorar de verdade. E então, De Sica captou a cena com perfeição e adaptou de maneira mais magistral ainda à trama. Outra curiosidade é que muitas das cenas desse tipo de filme eram rodadas em céu aberto, porque os estúdios italianos estavam todos ocupados com pessoas desabrigadas da guerra.
A sessão dessa terça-feira, assim como as demais, será aberta ao público e toda a comunidade está convidada a participar. A exibição acontece na sede do Sindibancários, e iniciará às 20 horas.