Tiago Mairo Garcia
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Trabalhador rural. Profissional de um valor imensurável para toda a sociedade. São eles, em cada canto do interior, os responsáveis por produzir o alimento, sendo personagem fundamental para garantir a estabilidade da economia. Uma classe que ao longo dos anos obteve muitas conquistas e avanços tecnológicos que cada vez mais provocam um aumento na demanda por profissionais cada vez mais qualificados para atuar no setor, principalmente em grandes propriedades produtoras. Mas também existem aqueles em pequenas propriedades que igualmente produzem para garantir o sustento da família. Grandes ou pequenos, os trabalhadores rurais são fundamentais para produzir o alimento nosso de cada dia e garantir o sustento de toda uma nação.
Na próxima segunda, 25, será comemorado o dia do Trabalhador Rural, data criada no Brasil pelo Decreto de Lei nº 4.338, de 1º de maio de 1964. A data foi escolhida em virtude da morte do deputado federal Fernando Ferrari, ocorrida em 25 de maio de 1963. Ferrari foi um dos principais defensores dos direitos dos trabalhadores rurais. Também em homenagem ao deputado, em 1971 foi instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, nomeada como lei Fernando Ferrari, que garante aos trabalhadores rurais algumas garantias como assistência médica, aposentadoria por invalidez, pensão para a mulher, entre outros benefícios, sendo na época, uma grande conquista para a classe.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada pelo Sebrae, existem no Brasil mais de 4 milhões de trabalhadores rurais. Isso significa que esses produtores representam cerca de 15% do total de empreendedores do país, que é de 27,31 milhões. Segundo dados do último Censo Agropecuário divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a agricultura familiar no Brasil já é a 8ª maior produtora de alimentos do mundo. Em 90% das cidades com população de até 20 mil habitantes, ela representa a base da economia local. Além disso, 40% da população trabalhadora do país atua no setor agrícola.
Em Santa Cruz do Sul, algumas lideranças do setor ouvidas pelo Riovale Jornal destacam o trabalho dos trabalhadores rurais e a sua importância para o desenvolvimento da economia. O presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul, Marco Antonio Dorneles, que também é um trabalhador rural, salienta que mesmo diante das mais diferentes dificuldades, a classe continua lutando com garra e determinação para seguir produzindo. “Temos um amor muito especial pela terra, cultivamos os nossos produtos, sempre apostando nos alimentos, naquilo que realmente acreditamos. Se não fosse a força, a garra do produtor, tenho certeza que haveria muita gente que não ia mais produzir. Diariamente estamos enfrentando problemas que influenciam como mercado, questões climáticas, questões legais e sanitárias, que nos afetam diretamente e as vezes temos que mudar o nosso ponto de vista e mudar o nosso trabalho, buscando o aperfeiçoamento para melhorar e enfrentar o trabalho do dia a dia. Seguimos trabalhando e produzindo alimentos, que é o que o trabalhador rural sabe fazer”, disse Dorneles.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul, Renato Goerck, que também é trabalhador rural, salienta que a categoria é uma das mais importantes pelo numero de empregos gerados e por aquilo que produzem no meio rural. “A região possui muitos agricultores familiares que produzem tabaco e alimentos de subsistência em paralelo. Aquilo que possuem em excesso na propriedade eles colocam no mercado para comercialização. Também temos produtores que comercializam em feiras e supermercados alimentos produzidos com exclusividade, sendo a maioria oriunda de trabalhadores rurais”, destacou. Atualmente o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares contam com aproximadamente 4.300 associados, sendo 2.400 somente em Santa Cruz do Sul.
Com relação ao atual momento vivenciado pelos trabalhadores rurais que sofrem com perdas ocasionadas pela estiagem e a crise causada pela pandemia do coronavírus, os dois dirigentes destacaram a confiança e a esperança de que a classe irá dar a volta por cima e retomar a produção para compensar os prejuízos. “Tenho confiança e acredito que o meio rural já enfrentou grandes situações de dificuldades e que isso sirva de aprendizado. Vamos retornar e continuar produzindo e com certeza vamos sair desta situação de uma forma satisfatória”, disse Dorneles. Por sua vez, Goerck destaca a esperança como balizador para os trabalhadores superarem este momento difícil. “O que move o agricultor é a esperança. Todos os anos sempre tem dificuldades com fatores climáticos, mas neste ano, com certeza, haverá um grande prejuízo devido a estiagem. É uma categoria que vai dar a volta por cima e através da sua esperança, começar uma nova safra e desejo que no próximo ano todos possam ter uma boa produção para compensar o que foi perdido neste ano”, finalizou.