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Dia do Técnico de Enfermagem: Conheça a profissional que se dedica para salvar vidas e amenizar dores

Jéssica Garcia há oito anos se coloca no lugar do próximo com empenho e amor

“O que eu faço é muito significante, porque tu tens que deixar a tua dor em casa para cuidar a dor do outro, tem que gostar muito do que faz” – Rolf Steinhaus

Sara Rohde
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Nesta quarta-feira, 20, é celebrado o Dia Nacional do Técnico de Enfermagem, profissional de extrema importância para a saúde, pois visa cuidar das pessoas, salvar vidas e exerce o trabalho pensando no bem do próximo, com empenho e amor. A data foi instituída através da resolução nº 294, de 15 de outubro de 2004, definida pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

O Riovale Jornal conversou com a Técnica de Enfermagem Jéssica Garcia, que há oito anos atua na área. A profissional começou trabalhando dentro do Hospital Ana Nery até que a entidade começou a administrar o Hospitalzinho, então participou de uma seleção, passou e hoje segue lá, cuidando a saúde dos pacientes com total dedicação. O primeiro emprego da sua vida. Profissão em que Jéssica é apaixonada e segue levando momentos marcantes de alegrias, vitórias, incertezas e aprendizados. Confira!

Riovale Jornal – Por que escolheu a profissão de Técnica em Enfermagem?

Jéssica Garcia – Foi através da influência de familiares, pois eu já tinha uma madrinha e uma tia que eram técnicas e acabei fazendo mais por influência delas. Foi então que no estágio eu descobri o gosto pela profissão.

RJ – O que significa para você este trabalho? Quanto tempo já atua na área?

Jéssica – Significa muito pra mim porque foi meu primeiro emprego, minha primeira experiência na área. Fiz um estágio e já comecei trabalhando e tudo que sei eu devo a esta instituição que eu trabalho hoje, onde eu já atuo há oito anos. O que eu faço é muito significante, porque tu tens que deixar a tua dor em casa para cuidar a dor do outro, isso não é qualquer pessoa quem tem o dom para fazer, tem que gostar muito do que faz.

RJ – Quais principais desafios da profissão?

Jéssica – Um deles já é ter que trabalhar com o público, né. Trabalhar com pessoas não é muito fácil, mas o mais difícil é que estou trabalhando com o público que tá ali não porque quer, mas porque precisa, necessita de um auxílio, está doente e não gostaria de estar ali e esse é o maior desafio, pois tu tem que se colocar no lugar da pessoa. Ele não vai estar feliz e isso é uma parte bem difícil. Outra questão é a falta de apoio do sindicato da nossa classe. A gente não ganha piso e somos muito desvalorizados.

RJ – Quais maiores alegrias?

Jéssica – Uma alegria imensa é quando a gente tem reconhecimento, o que não é sempre. Mas quando se tem, nossa, a gente fica muito feliz, é gratificante. Ou quando um paciente fica muito tempo internado e ele fica bem, acaba se curando de certa forma e vai pra casa, isso é muito gratificante.

RJ – E maior tristeza?

Jéssica – A tristeza se dá quando a gente perde algum paciente, tenta de tudo e no final não obtém sucesso. Quando ele chega com parada, a gente reanima, massageia, tenta de tudo e ele não volta. Também quando tem um paciente muito tempo internado conosco e ele vem a óbito, às vezes uma pessoa nova, isso é bem triste.

RJ – Um momento marcante na trajetória?

Jéssica – Têm vários momentos marcantes, mas eu me recordo sempre de dois. Um é quando eu estava fazendo meu estágio e eu lembro que fui fazer o curativo em uma senhora oncológica, que tinha câncer bem avançado na cabeça, tinha um cheiro bem desagradável e era a primeira vez que eu estava fazendo aquilo. Doía muito nela e eu tentei ser o mais deliciada possível. Quando terminei o curativo, ela pegou na minha mão e disse: “eu vou rezar pra ti trabalhar aqui”. Aquilo foi um baque e eu pensei, nossa, estou na profissão certa.

O segundo momento foi quando a gente fez um parto. Foi muito lindo, foi o único parto que eu presenciei e nasceu uma menina linda, gordinha e saudável. Isso foi muito emocionante.

RJ – O que significa estar trabalhando na principal área de combate à Covid-19? Como estão sendo os dias na linha de frente do coronavírus?

Jéssica – Bom, é o meu desafio diário. Todo dia é um desafio. Não só por estar na linha de frente, mas principalmente por estar numa porta de entrada de um pronto atendimento. É bem diferente do que estar num hospital, onde tu sabe o diagnóstico daquele paciente que tá vindo pra ti. Em uma porta de entrada tu não sabe o que está chegando e pode ser qualquer coisa. A gente tem que estar ali, prontos, independente do que for. Estes dias estão sendo bem angustiantes, principalmente por não sabermos quando tudo isso vai passar. Mas, a gente vai estar ali, prontos para cuidar desses pacientes e para fazer o melhor por eles.

RJ – Chegou a atender algum paciente suspeito ou infectado com o coronavírus? Como foi?

Jéssica – Como eu disse antes, não se sabe. A gente acaba não sabendo pois o Hospitalzinho é uma porta de entrada. A gente acaba atendendo pacientes com queixas diversificadas e pode não parecer a Covid-19, mas às vezes pode acabar sendo. Às vezes o paciente pode acabar sendo liberado, indo embora e só depois sendo notificado. Por isso, a gente acaba não sabendo.

RJ – Como você vê a questão do combate à pandemia no município?

Jéssica – Eu acho que os fluxos estão bem organizados. O secretário de Saúde tem dado bastante orientações nas mídias e redes sociais, diminuindo os horários, a quantidade de pessoas, abrindo o comércio, mas solicitando que todos usem máscaras, isso já está ajudando bastante. O que o município podia fazer é a distribuição de testes rápidos para os profissionais da saúde, porque como agora tem muita gente assintomática sendo diagnosticada, a gente acaba ficando preocupado, não só por nós podermos estar infectados, mas sim, de estar transmitindo isso pra outras pessoas e não saber. Daqui a pouco estamos transmitindo isso pra nossa família e até mesmo aos pacientes que estão vindo consultar. Isso seria tranquilizante para todos os profissionais pois acho que todos têm esse medo. Eu não sei se isso compete ao município ou ao Estado, mas eu acho que seria bem válido.

RJ – Um recado que gostaria de deixar:

Jéssica – Todo mundo deve se conscientizar e fazer a sua parte. Se isso for feito, eu acho que tudo isso vai dar certo no fim e vai acabar o quanto antes. Gostaria também de agradecer aos colegas de profissão que são guerreiros e estão sempre juntos se ajudando.

Testes Rápidos

A Prefeitura de Santa Cruz do Sul divulgou na última sexta-feira, 15, que desde o começo da semana passada os postos de saúde do município começaram a receber testes rápidos de Covid-19. Em torno de 800 exames foram repassados pela Vigilância Epidemiológica para diagnóstico em profissionais da área e pacientes que se enquadram nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Conforme o secretário de Saúde, Régis de Oliveira Júnior, todos os profissionais que atuam nas unidades, que somam cerca de 300 pessoas, serão testados. “Neste momento, é importante verificar a saúde daqueles profissionais que atuam na linha de frente para evitar que transmitam a doença a pacientes”.

Novas remessas deverão ser enviadas nos próximos dias, de acordo com a necessidade. “Enquanto tivermos testes, vamos continuar repassando às unidades para que a população seja testada, sempre que se enquadrar nos critérios. Começamos a distribuir também aos serviços especializados, como Samu, Cemai, Ambulatório do Idoso e outros”, explicou.