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Dia da Indústria | Governo de Santa Cruz confia na dinamicidade da economia

Cesar Cechinato, secretário do Desenvolvimento Econômico: “Não estamos deitados em berço esplêndido”
Foto: José Carlos Ferreira

José Carlos Ferreira – [email protected]

Os abalos da catástrofe climática que se abateu sobre o Rio Grande do Sul alcançam os mais diversos segmentos da vida do Estado, mas é da própria população, de empreendedores e de ações de governos em todos os níveis que virá a força para a reconstrução. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Santa Cruz do Sul, Cesar Cechinato, acredita que a dinamicidade da economia local impulsionará o município para recuperar perdas e manter a rota de crescimento nos diversos setores.

Ele observa que, entre as 20 maiores empresas de Santa Cruz, de acordo com o valor adicionado fiscal (retorno de ICMS), 15 são indústrias – das demais, quatro operam na distribuição de mercadorias e uma é do comércio. Mas o quadro global de organizações reflete uma diversificação de atividades ainda mais ampla no município. “A cada ano, novas empresas são criadas no município ou vêm de outros lugares para aqui se instalarem. Santa Cruz tem uma dinamicidade tamanha que eu não sei se tem em alguma outra cidade com população acima de 100 mil habitantes”, sustenta Cechinato.

Ainda em relação às 15 indústrias dentre as 20 maiores empresas locais, oito delas são do segmento do tabaco e sete operam, cada uma, em outras áreas. O secretário ressalta, no entanto, que há diversificação de atividades em Santa Cruz. “Essa dinamicidade e essa diversidade, poucos municípios no Estado e no Brasil possuem. Isso desmistifica que estaríamos, em Santa Cruz, deitados em berço esplêndido”, garante o secretário.

Ranking do PIB
O município de Santa Cruz do Sul tem oscilado no ranking dos maiores índices do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no local) entre a quinta e a 11ª posições desde 2012. Cechinato tem explicação para isso. “Nesse último ano, Santa Cruz ficou em 11º (lugar) e com certeza ali tem um efeito de embarque do tabaco em janeiro e que deveria ter ocorrido em novembro e dezembro do ano anterior. Vai acontecer, no ano seguinte, de Santa Cruz recuperar posições. Na média, de 2012 para cá, Santa Cruz tem ficado em sétimo lugar na média do ranking”, aponta.

O secretário saúda o fato de a âncora econômica municipal ainda ser o setor do fumo. “Ainda bem que nós temos a cadeia produtiva do tabaco. Toda vez que o Brasil entra numa recessão, ou o Rio Grande do Sul entra numa seca numa recessão, também, em função da economia brasileira, Santa Cruz sempre sobe no ranking do PIB. Santa Cruz tem apenas 133 mil habitantes e, quando se abate uma crise, o setor que mais sofre num primeiro momento é o de serviços. Como as outras cidades têm muito mais população do que a nossa, quando a economia brasileira e gaúcha se recupera, elas têm mais ganho, pois as famílias consomem mais e demandam mais serviços”, compara.

Efeitos das chuvas intensas
Assim como a grande maioria dos municípios gaúchos, famílias e empreendimentos de Santa Cruz também tiveram prejuízos com os recentes temporais. No campo industrial, Cechinato observa que houve problemas em estabelecimentos instalados próximos ao Rio Pardinho, inclusive no Berçário, mantido pela Prefeitura. A Administração Municipal criou mecanismos para socorrer essas organizações em sua reestruturação.

Já no Distrito Industrial não houve alagamentos e as empresas, com alguma exceção pontual, operam normalmente. Contudo, há reflexos em outros aspectos, como a chegada de matérias-primas e o escoamento de produtos. “A safra do tabaco 2023/2024, por exemplo, estava toda dentro das empresas e comercializada. Mas, Santa Cruz faz parte do Rio Grande e todos os problemas logísticos do Estado vão afetar as empresas daqui, seja de que setores forem, pois existem pontes e estradas destruídas, o que aumentará o custo e provocará interrupções no fluxo logístico”, projeta.

Destino Santa Cruz
Em relação ao reerguimento da indústria no Rio Grande do Sul, Cechinato lembra que o Estado possui algumas das principais universidades do País e detém uma longa tradição empreendedora, inclusive alcançando outros territórios além do seu próprio. “A crise se traduz em caos e perigo, mas, ao mesmo tempo, ela traz oportunidades. Talvez essa crise também sirva para que setores da indústria – ou da economia gaúcha como um todo –, que já vinham tendo problemas de competitividade, se reinventem, inovem, e para isso deverão ter apoio das universidades, da ciência, das instituições de fomento e de uma determinação política forte da Federação (das Indústrias, a Fiergs) e do próprio Estado”, projeta.

A relocalização de empresas que tiveram as suas instalações arrasadas pelas enxurradas está dentro de novas perspectivas de empreendedores gaúchos. O secretário de Desenvolvimento Econômico admite que o município possa vir a ser o destino de algumas dessas organizações que buscarão se reerguer. “Santa Cruz é a esquina do Rio Grande”, conceitua Cesar Cechinato. “Temos a melhor condição logística do Estado; estamos equidistantes dos principais centros econômicos e populacionais; e o próprio Vale do Rio Pardo é uma região economicamente interessante. Temos ótima qualidade de mão de obra, ótimas universidades e certamente que Santa Cruz será um destino a ser considerado para empresas que obrigatoriamente terão a necessidade de relocalização das suas operações. E já estamos sendo procurados.”