A reabertura das escolas no Rio Grande do Sul será o próximo problema que o governo estadual terá de enfrentar, segundo a coordenadora da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, Mariluci Reis. Ela abordou o assunto na reunião da 13ª CRE em conjunto com Cisvale, Amvarp, secretários municipais de saúde e dirigentes de hospitais. Para a coordenadora, ainda é difícil prever quando os alunos poderão retornar aos estudos.
“Tudo depende da situação do Estado. Talvez as escolas particulares, as escolinhas municipais dos municípios que tenham uma situação mais confortável possam começar a trabalhar primeiro”. Marluci Reis ressaltou que, quando a decisão for tomada, o governo terá que fazer “uma operação de guerra” para evitar um novo surto da doença. “A normalidade só virá com uma vacina. Do contrário, a gente vai ter que manter os cuidados, mesmo se tivermos zero casos na região”.
O Secretário de Saúde de Venâncio Aires, Ramon Schwengber, lembrou ainda que, por força da lei, os municípios não poderão usar verbas da educação para a compra de materiais de higiene para as escolas, como álcool em gel, por exemplo. Venâncio é o município mais afetado pela pandemia no Vale do Rio Pardo, com sete óbitos registrados pela Secretaria Estadual da Saúde.
“No momento, Venâncio Aires tem uma situação relativamente tranquila. Nós temos 14 leitos de UTI montados, e temos a possibilidade de aumentar em mais quatro leitos, aumentando em 80% os leitos de UTI. Hoje nós temos 12 leitos ocupados desses 14. Quatro são internações por Covid e as outras por doenças que normalmente precisam de internação. Em relação ao aumento de casos, é baixo. Diariamente dois, três ou quatro casos. Temos uma situação bem mais controlado do que acontecia há alguns dias”.
Schwengber destacou ainda que no período de inverno é normal os leitos de UTI estarem ocupados. Ele lembrou que em anos passados, mesmo sem a influência da covid-19, a taxa de ocupação de leitos de UTI foi praticamente a mesma. “Chega na época de inverno, a gente normalmente tem 100% dos leitos ocupados. A preocupação é que, além do normal, a gente tem a questão do covid. Mas o município de Venâncio aumentou em 80% o número de leitos de UTI e isso com certeza já está fazendo a diferença, finalizou o secretário.
Presidentes do Cisvale e da Amvarp, participaram de reunião para tratar sobre a prevenção ao coronavírus na região do Vale do Rio Pardo
O presidente do Cisvale, Cassio Nunes Soares, e o presidente da Amvarp, Paulo Butzge, participaram na quinta-feira, 18, de mais uma reunião para tratar sobre a prevenção ao coronavírus na região do Vale do Rio Pardo. O encontro ocorreu na sede da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), em Santa Cruz do Sul.
Além da coordenadora da 13ª CRS, Mariluci Reis, participaram ainda da reunião secretários municipais de saúde, e representantes dos hospitais Ana Nery e Hospital Santa Cruz (Santa Cruz do Sul), e São Sebastião Mártir (Venâncio Aires).
Segundo o prefeito de Pantano Grande e presidente do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), a reunião serviu para a discussão da atual situação da pandemia, e das modificações na classificação que divide o Rio Grande do Sul em bandeiras amarela, laranja, vermelha e preta, de acordo com o grau de contaminação da doença nas diferentes regiões do Estado. Desde a última avaliação, o Vale do Rio Pardo retornou à bandeira amarela, que significa baixo risco de contaminação.
Apesar do bom desempenho do Vale do Rio Pardo em lidar com o coronavírus em comparação com as demais regiões do Estado e do País, o presidente do Cisvale alerta que a situação está longe de ser considerada normal, e que um retorno à bandeira laranja não está descartado.
“O governador apertou mais a fiscalização, e isso pode influenciar nas próximas semanas na classificação das bandeiras. Então, fizemos esse alerta aos gestores. Alertamos para algumas situações que pesam muito na classificação da bandeira, que são a ocupação dos leitos da UTI, para que a região possa se organizar no sentido funcional dos hospitais, no que diz respeito às cirurgias eletivas”.
O governo do Estado atualiza diariamente as informações sobre a ocupação dos leitos de UTI. As informações são repassadas diretamente pelas instituições de saúde através de um banco de dados da Secretaria Estadual da Saúde.
Segundo a Coordenadoria Regional de Saúde, os hospitais do Vale do Rio Pardo apresentam 59,5% de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), enquanto a taxa de utilização dos aparelhos respiradores na região é de 30,2%. Atualmente, são 69 pessoas internadas nas UTI’s da região. No Estado, o índice de ocupação dos leitos de tratamento intensivo é de 73,4%.
O médico infectologista Marcelo Carneiro, que presta assessoria técnica ao Cisvale, destacou que há uma diminuição de novos casos de covid-19 na região. Segundo ele, em nenhum momento houve um grande número de internados em virtude do coronavírus no Vale do Rio Pardo. Ainda segundo o especialista, as liberações das restrições, como a reabertura do comércio, não impactaram em um aumento no número de contaminados.
“Apesar disso, é melhor pecar por excesso de cuidados, pois a gente viu o que aconteceu em 2009”, destacou Carneiro, referindo-se à pandemia do vírus H1N1 que tirou a vida de 298 gaúchos. Ele estimou ainda que o número de infectados por coronavírus na região deve começar a cair no mês de agosto, caso a situação se mantenha controlada.