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Denúncias inconsistentes dificultam fiscalização da dengue em Santa Cruz

Já as ações contra o mosquito apresentam resultados positivos e casos diminuem

Ricardo Gais
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A explosão nos casos de dengue em Santa Cruz do Sul neste ano tem preocupado os órgãos de fiscalização e saúde, que pedem a colaboração da população para conter a reprodução do mosquito Aedes aegypti. A solicitação é para a comunidade realizar denúncias de locais que possam servir para criadouros, como espaços abandonados e recipientes com água parada. No entanto, fatores como endereços incompletos e informações inconsistentes têm dificultado o trabalho de fiscalização da Vigilância Sanitária.

Ovos do mosquito da dengue podem durar até 500 dias. – Foto: Rolf Steinhaus



De acordo com a agente administrativa e coordenadora interinamente do setor de endemias, Juliana Hofmeister, são muitas as denúncias neste ano referentes à presença de mosquitos, terrenos com mato alto e piscinas. “As denúncias são filtradas por demanda e bairro, e boa parte repassada ao setor competente da Prefeitura. Por exemplo, reclamações sobre terrenos com vegetação alta são encaminhadas para a Unidade Central de Fiscalização Externa (Ucefex). Atendemos as denúncias na medida do possível, priorizando ações em áreas próximas aos locais onde existe a concentração e circulação ativa do vírus da dengue”, explica.

Endereços e denúncias inconsistentes em meio ao aumento de casos também dificultam e atrasam a fiscalização. “Infelizmente recebemos denúncias que não se confirmam ou constam com endereços não localizados. Com a diminuição dos casos de dengue e dos bloqueios de transmissão viral que realizamos poderemos averiguar mais rapidamente as denúncias. É importante lembrar que a população deve fazer a inspeção de sua casa e pátio semanalmente, principalmente após dias de chuva”, sublinha a coordenadora.

Atualmente, Santa Cruz do Sul tem 1.657 casos confirmados de dengue e quatro mortes registras, apenas em 2021. A maioria é nos bairros Senai, Bom Jesus e Schultz. Conforme a Vigilância Sanitária, os que mais preocupam são os bairros Centro, Arroio Grande, Senai e Schultz.

AÇÕES CONTRA A DENGUE

No Município estão sendo realizadas diversas ações contra a dengue, como mutirões e aplicação do fumacê – uma espécie de nuvem de fumaça para eliminar os mosquitos. Juliana Hofmeister pontua que as ações estão dando uma resposta positiva pois, percebe-se a diminuição dos casos, principalmente nas áreas fiscalizadas pela equipe. “Reforçamos que é um trabalho contínuo e que mesmo com a atuação da equipe da vigilância precisamos do auxílio da comunidade na vistoria e limpeza das suas residências”, disse.

Ela cita que o Município registrou o aumento de casos neste ano devido à situação climática que contou com um período de fortes chuvas associado com o calor. “Além disso, houve uma preocupação da população com a Covid-19 e esquecimento da situação da dengue. E também, no período crítico da pandemia, os agentes de endemias não puderam realizar as visitas por determinação do Estado. Reforço que o aumento de casos de dengue foi registrado em todo o Rio Grande do Sul em diversas regiões”, sublinha.

Com a chegada de dias frios, a coordenadora explica que há uma diminuição da quantidade de mosquito circulante, o que contribui para a diminuição dos casos. “No entanto, os ovos depositados nos criadouros de mosquito podem durar até 500 dias e na presença de dias um pouco mais quentes os ovos eclodem iniciando um novo ciclo de transmissão”, alerta Hofmeister.

INVESTIGAÇÃO DE ÓBITOS

O Riovale Jornal tem recebido questionamentos a respeito de como é realizado a apuração dos óbitos por dengue. Conforme a coordenadora, toda morte por suspeita de dengue, após notificada, é investigada pela equipe da Vigilância Epidemiológica e pela 13ª Coordenadora Regional de Saúde. “Nesta investigação, além de exames, são verificados o prontuário médico e o caminho que o paciente percorreu na rede de saúde, porém, após o óbito, em algumas situações, leva um tempo para conclusão da causa da morte. Neste momento temos apenas um caso em investigação, os demais foram divulgados ou descartados”, explica.