O fato é que a vida não está fácil pra ninguém,
alguém já disse, não sei quem.
E nestes tempos de pandemia,
quando a noite se vai e chega o dia,
o aedes vem e pica a tia, a irmã, a filha e o pai.
Pois assim anda minha cidade. A Santa Cruz das oportunidades passa pelos mesmos problemas de uma grande metrópole ou de uma cidadezinha perdida e esquecida no agreste nordestino. Perto de duas centenas de conhecidos, parentes, amigos perderam a luta contra o vírus da Covid e uma pessoa para o vírus da dengue. Nesses dias em que mais se fala em desgraça do que de sorte, vimos que no mês que passou, as mortes superaram os nascimentos.
Isso é muito triste porque, enquanto enxergamos profissionais da saúde se esmerando e também morrendo para salvar seja lá quem for, ainda persistem os que se aglomeram para “festear”. É uma total falta de empatia, de respeito, de amor à vida e uma manifestação inequívoca de egoísmo.
Mas diz o popular: não há mal que dure pra sempre. Com as vacinas chegando aos braços dos brasileiros e após medidas corajosas tomadas pelo governador e boa parte dos prefeitos e prefeitas promovendo fechamento de serviços não essenciais, diminuindo a circulação de pessoas, começamos a ver a curva lentamente baixando. É pouco, sabemos, mas já é importante desde que continuemos nessa caminhada.
Poderíamos estar melhor?
Talvez, acredito. Caso as vacinas houvessem sido compradas lá por agosto, a curva já teria baixado consideravelmente. Digo talvez, porque existe no meu entender, uma grande parcela que se nega a aceitar os preceitos científicos e insistem até em evitar se vacinar. Este exemplo vem do mesmo endereço que desde 2019 nos assombra – o Palácio do Planalto, onde o presidente da República fez e continua fazendo, embora menos depois que Lula se tornou elegível, a promoção de remédios ineficazes, evitou a compra dos imunizantes e pregou o descumprimento dos protocolos que se comprovam verdadeiramente precisos como o isolamento social.
Bem, ao que tudo indica, e graças a isso, os ventos sopram para levar aos competentes o possível processo de impedimento de Bolsonaro. É claro que ventos mudam, aceleram ou quase param, muito embora as previsões pareçam informar que o tempo de bonança está acabando e quem, com lava jato fere, poderá ser ferido com o descaso à vida.
São muitos os pedidos que estão e continuam chegando ao Congresso. A questão de passar é outro imbróglio e requer uma análise muito bem feita que passa pelas ruas do País. Se o povo ficar calado, um impedimento hoje, pode, inclusive, fortalecer ao presidente e lhe colocar no colo a reeleição. Essa possibilidade existe, só que não é acompanhada nem pela oposição e nem por parte do Centrão.
O caso é uma incógnita com leve indicação que desta vez o impeachment será desengavetado pois até aliados se lançam à fogueira contra os desmandos palacianos.
Caso seja necessário, é bom lembrar que para se combater o mosquito Aedes aegypti é preciso revisitar o pátio, vasculhar os locais com água clara e transparente, limpar os recipientes e evitaremos dengue, chicungunha e zica. Já para termos um Brasil bem governado, as soluções são duas – a primeira passa pelo desengavetamento e análise de um só pedido justificável e que oportunize o processo contra Jair Bolsonaro. Mas só isso não combate todos os males. É preciso que deputados, senadores e principalmente o povo saia às ruas e limpe os potes infectados com o grito de expurgo à ineficiência e ao autoritarismo.