Fanático por futebol, Rech se descreve em êxtase com a experiência: “Incrível? Sensacional? Inesquecível? Provavelmente todos”
LUÍSA ZIEMANN
[email protected]
Ir ao estádio, sentir a energia da torcida e poder apoiar e vibrar junto do seu time com certeza está entre as principais satisfações de um verdadeiro torcedor e amante do futebol. Agora, já imaginou poder prestigiar a seleção do seu país no maior evento esportivo do mundo? É isso que está vivenciando o santa-cruzense Tiago Rech, convidado pela Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado) e pelo Supremo Comitê do Qatar, responsável pela organização da Copa do Mundo 2022, para participar do programa de Fan Leaders, que levou torcedores para acompanhar de perto a competição no mundo arábe.
Rech, que é fanático por futebol, conta que ao todo são cerca de 500 fãs de todo o mundo, apaixonadas pelo esporte como ele e com histórias de vida também relacionadas a clubes e seleções. “É um programa de voluntários com o objetivo de compartilhar informações sobre a Copa, o país, criar grupos com pessoas que viriam pra cá”, explica o santa-cruzense, que é jornalista e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz Futebol Clube, do qual já foi presidente. “Há mais ou menos um mês e meio atrás recebemos o convite para os Fan Leaders estarem presentes na cerimônia de abertura.”
O jornalista salienta que sua viagem ao Qatar foi toda organizada pelo Supremo Comitê. “Recebi as passagens e hospedagens deles, só me enviaram. Temos uma integrante do grupo brasileira que também ajuda a coordenar e auxiliar em algumas questões”, salienta. Em solo árabe desde o último sábado, Rech já esteve presente da cerimônia de abertura e nos jogos entre Qatar e Equador e França e Austrália. “Ainda vou assistir três jogos da primeira fase do Brasil”, afirma. O santa-cruzense já assegurou os ingressos para as partidas contra a Suíça e Camarões e também para assistir o jogo entre Espanha e Japão, no dia 1º, e a um jogo das oitavas de final.
Por conta do seu período de férias do seu trabalho em Santa Cruz do Sul, Rech ficará no Qatar até o dia 10 de dezembro, mas, se quisesse, poderia ficar até a final do Mundial – que acontece no dia 18. A estadia no país árabe, é claro, ficará marcada eternamente em sua memória. “Não sei nem como descrever o sentimento de viver essa experiência. Incrível? Sensacional? Inesquecível? Provavelmente todos. O clima de Copa do Mundo é algo encantador, uma troca de culturas que só existe durante a Copa”, destaca. “Ainda mais em um país super moderno, avançado em tecnologia, com um transporte público novinho e de qualidade, e que é gratuito durante o período da Copa, mas que também tem tradições muito diferentes das nossas. Então, está sendo uma oportunidade de conhecer todo um mundo novo.”
Desenvolvido e moderno, mas ainda com muito a evoluir
Com uma população de quase 3 milhões de habitantes – dos quais grande parte é formada por estrangeiros, principalmente indianos -, o Qatar é um emirado que surgiu das areias da península arábica para se tornar o país mais rico do mundo. Se tratando de cultura, tradições, legislação e crenças, as diferenças entre o país árabe e o Brasil são as mais divergentes possíveis. “Eles possuem regras e tradições muitos diferentes das nossas. Apesar de serem simpáticos e receptivos, não tem aquele calor humano dos brasileiros, são muito mais reservados. Até pela rigidez de algumas leis”, conta o santa-cruzense.
O Qatar ocupa uma área de 11.000 quilômetros quadrados, sendo um dos menores países do mundo e conta com uma população de 2.5 milhões de habitantes, a maioria estrangeiros que migraram em busca de emprego. A descoberta do petróleo dos anos 40 transformou a economia do país e, nos anos 70, o Qatar descobriu a então maior reserva de gás natural do mundo. Hoje, a nação árabe é dona da terceira maior reserva de gás, o que coloca o país como o mais rico do mundo de acordo com informações do Fundo Monetário Internacional.
Na capital, Doha, é onde tudo acontece no país. Uma cidade pujante e moderna, mas que não abre mão do seu passado. Fazendo um casamento perfeito entre passado e presente, mas sempre olhando para o futuro. Seja por lugares históricos como o Souq Waqif, o coração cultural e social do Qatar, ou pelos modernos edifícios de West Bay que ajudam a compor o icônico skyline de Doha. Rech destaca que, apesar de toda tecnologia e desenvolvimento, o país ainda tem muito a evoluir em outras questões. “Eles até tem avançado em alguns direitos humanos, mas precisam avançar muito mais. Torço para que a invasão de pessoas de todo o mundo para a Copa acelere essa transformação”, afirma.
Como o país não está habituado e nem preparado para sediar grandes eventos, sobretudo uma Copa do Mundo, o jornalista conta que alguns pontos específicos em questão de organização ainda devem ser melhorados. “A saída dos estádios após as partidas é bem conturbada e demorada, já que são milhares de pessoas saindo ao mesmo tempo pro mesmo ponto. Falta também lixeiras e banheiros públicos, mas acredito que com essa experiência de uma Copa eles vão evoluir bastante. O que vale destacar é que é um país que tem um projeto de desenvolvimento econômico sustentável, com muito dinheiro do petróleo e gás natural, e que concluiu todas as obras previstas para a Copa. É um país que funciona.”
AGENDA CHEIA NO QATAR
Além de prestigiar a cerimômia de abertura do Mundial e assistir aos jogos, Rech está aproveitando a viagem para participar de inúmeras atividades concomitantes ao evento, como a troca de experiências gerada entre pessoas dos quatro cantos do Planeta nas FanFest, que são os pontos de encontro dos torcedores que viajaram para a Copa. Na noite da última quarta-feira, o jornalista santa-cruzense participou de um dos eventos mais aguardados por ele em Doha: um jantar com todos os fan leaders, de diferentes lugares do mundo, no hotel onde está concentrada a Seleção Brasileira.
Rech também tem frequentado outras atividades promovidas pelo Movimento Verde e Amarelo e mantém sua agenda bem ocupada no Qatar, aproveitando ao máximo a estadia nas arábias. “Como o Qatar é super pequeno, os estádios ficam muito próximos. Também tenho circulado por Doha, já visitei alguns pontos turísticos. No final de semana ainda pretendo ir à praia e outros lugares.”
