Sebastião Salgado é considerado um dos principais fotógrafos da contemporaneidade. Nascido em Minas Gerais, ele desenvolveu um trabalho de extrema relevância ao longo de décadas, abordando temas decisivos, como a pobreza e o meio ambiente. Suas fotos adquiriram um status artístico, com uma estética forte e marcante. Em uma entrevista concedida ao jornal espanhol ‘El País’, em junho de 2019, Salgado falou sobre suas atividades na área da fotografia, mas também revelou algumas opiniões que mostram sua visão pessoal a respeito da sociedade. Afinal, para alguém que conhece o contexto social de forma profunda e crítica, de onde devem partir as soluções para que a sociedade seja melhor e mais justa?
Na entrevista de 2019, a reportagem do ‘El País’ fez a seguinte pergunta para Sebastião Salgado: “Você sempre elogiou as organizações humanitárias com as quais trabalhou e se mostrou crítico com os Governos. Mantém essa ideia?”
Leiam o que o fotógrafo respondeu: “Não fui tão crítico. Fui de esquerda, quando jovem acreditava que era preciso tomar o poder pela força…, mas precisamos trabalhar juntos. É mentira isso de que uma foto pode mudar o mundo; o que pode mudá-lo é o trabalho conjunto das ONGs, a imprensa, os Governos…”
Como se pode perceber nessa declaração, nem a perspectiva de revolução violenta, nem o negacionismo representam soluções para a sociedade. É preciso discutir os problemas, e em conjunto, praticar as ações necessárias. Em uma fase tão difícil como a atual, devido à pandemia, os governos e o contexto social devem colaborar para superar esta etapa trágica. Mas, depois da pandemia, outras questões devem ser enfrentadas, e os mesmos atores envolvidos serão essenciais para superarmos essas questões. E a soma de novos atores será fundamental também.