Robert Toillier é o personagem da nossa matéria. Já vimos que ele nasceu em Konigsberg, na Prússia, 1817, e veio ao Brasil em 1851, a bordo do veleiro Hamburg, para lutar contra o ditador Rosas, da Argentina. Cumprido o compromisso de contrato, ele optou por ficar no Brasil, ganhando uma colônia de terras, o lote 71, no alto da Linha Santa Cruz, onde se estabeleceu e em cujo cemitério descansam seus restos mortais.
O bisavô se casou em primeiras núpcias com Magdalena Jacobi, católica, cuja união foi abençoada com seis filhos; posteriormente, viúvo, casou-se com Sofia Felten, evangélica, cujo matrimônio foi abençoado por dez filhos: cinco rapazes e cinco moças.
É impossível imaginar as vicissitudes que enfrentaram: primeiro, a travessia do Atlântico no veleiro até o Rio de Janeiro para incorporar-se à quarta Companhia do exército imperial para a guerra contra Rosas. Segundo registros da época, ele foi um dos poucos Brummer (como eram chamados os soldados contratados pelo governo imperial) que cumpriram integralmente o compromisso com o governo brasileiro. Depois, por transporte fluvial até Rio Pardo, de onde seguiram em carretas até o destino final: alto Paredão, hoje Linha Santa Cruz, onde foram largados no meio da mata virgem para iniciar a vida na nova pátria.
Lá lançou raízes e criou os filhos do segundo matrimônio, linhagem de onde nós descendemos, cujo território conheço desde criança e onde estão as raízes mais profundas da minha memória. Possivelmente, eu posso ter sido um dos primeiros descendentes a pisar no solo alemão, de onde ele partiu, quando ganhei uma bolsa em 1989, para estudar no sistema educacional das duas Alemanhas, na época.
(*) Agradeço a contribuição da minha afilhada Ingrid Brandenburguer, referente ao lote de terras que o bisavô recebeu: 71, e não como registrei no primeiro texto.