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Crise acaba com perspectivas da construção civil

Pandemia paralisa o setor e frustra previsões que ditavam um bom ano

Grasiel Grasel
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Divulgação

Na segunda-feira, 23, o governo Telmo Kirst anunciou novas mudanças no decreto municipal que declarou situação de calamidade em Santa Cruz do Sul. Dentre as alterações previstas está a decisão de suspender também as atividades da construção civil, um dos setores da economia que vinha tendo uma das perspectivas mais promissoras para este ano, especialmente pelo crescimento de 1,6% registrado em 2019, ficando acima da elevação que teve o PIB brasileiro (1,1%). O decreto, portanto, foi um verdadeiro “balde de água fria” nas projeções da indústria.
De acordo com Astor Grüner, vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) e coordenador do Escritório Regional Vale do Rio Pardo, o setor está comprometido em seguir as recomendações do governo Telmo, mas acompanhará com apreensão a possibilidade de novos prazos para o decreto.
Embora entenda que a decisão do governo não precisasse ser tão restritiva, Grüner admite que a prevenção é importante. “Achamos que poderiam ser tomadas medidas que não impactassem tanto, não só na nossa área como em outras”, defende. Ele cita o exemplo de outras cidades, como a de Belo Horizonte, em Minas Gerais, em que a construção civil sofreu restrições de atuação, mas não foi completamente paralisada.
Cada empresa do setor teve a liberdade de decidir como lidar com questões trabalhistas e a permanência de seus funcionários, mas os prejuízos também preocupam. “Todos vão ter algum prejuízo, começando por ter que antecipar a remuneração. Nós, por exemplo, estamos dando férias para todo o pessoal e essa é uma despesa que não estava prevista”, explica Grüner, afirmando também que só será possível verificar o tamanho das perdas quando a situação estabilizar e as atividades forem retomadas.
Segundo o coordenador do escritório regional, além de prazos vencidos em contratos de entrega de construções, o setor terá que lidar com compromissos de locação de equipamentos realizados com empresas especializadas que, em alguns casos, não poderão ser cancelados. Para ele, como a construção civil envolve um espectro econômico muito grande, diversas outras atividades deverão sentir os impactos da suspensão, como empresas de publicidade e propaganda, restaurantes que fornecem refeições para os funcionários e muitas outras.
Além da construção civil, outros setores também foram afetados pela decisão do Gabinete de Emergências de alterar o decreto de calamidade. Lojas de departamento, bares, distribuidoras de bebidas, lojas de conveniência de postos de gasolina, oficinas mecânicas e lojas de material de construção também não podem mais abrir as portas até que o documento perca sua validade.