EVERSON BOECK
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O encontro ontem pela manhã, 29, no Palácio Piratini, em Porto Alegre, entre o Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) e o Governo do Estado terminou sem acordo entre as partes. A presidente do sindicato, Rejane de Oliveira, afirma que não foi apresentada nenhuma proposta e que o governo disse que negociaria desde que a greve fosse encerrada.
Ontem à tarde o Governo do Estado publicou no site da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) o documento enviado na mesma data para o Cpers baseado no encontro ocorrido pela manhã. No documento, o secretário da Educação, José Clovis Azevedo, apresenta algumas proposições que serão discutidas somente se a categoria deliberar pelo fim da greve.
Dentre os quatro itens do documento, no quarto a Seduc diz que irá “reabrir o espaço de negociação permanente para elaborar, coletivamente, alternativas para implementação gradativa do piso salarial nacional na carreira do magistério público estadual, considerando a reserva de R$ 2 bilhões para o próximo período, com aplicação prevista de R$ 500 milhões já para o ano de 2012”.
Rejane, em entrevista ao Riovale Jornal na tarde de ontem, garantiu que o Cpers continuará reunindo diariamente os integrantes dos núcleos com comando de greve. “Continuaremos em vigília na praça em frente ao Piratini e nos reunindo para decidir os rumos da mobilização. Não aceitaremos condicionante, quem decide quando começa e quando termina a greve é a categoria”, pontuou.
Para a presidente do Cpers, o governo está se contradizendo. “O governador dizia que não tinha greve e agora quer condicionar o diálogo para o final da paralisação? Ele está sendo desrespeitoso com os professores e se mostrando incapaz de dirimir um conflito. O governo está comprando um desgaste sem volta com a categoria”, avalia.
Conforme a diretora do 18° Núcleo do Cpers em Santa Cruz do Sul, Miriam Trindade, os trabalhadores em educação não aceitam reformas que visam adaptar a escola pública às exigências do grande capital e que responsabilizam a categoria pelos problemas da educação. Também não aceitam que o governo não apresente proposta para a implementação do piso para professores e funcionários. “Nós queremos que o governo seja claro e pare de nos enrolar. Se não tem como pagar o piso, tem que nos apresentar uma proposta concreta: ‘Olha, vocês vão receber tanto por cento em 2012 de aumento’, mas nem isso”, lamenta.
Quanto à proposta de reestruturação do Ensino Médio, Trindade se posiciona afirmando que se o governo quer um debate, antes de mais nada ele tem que garantir que o projeto não será implementado em março de 2012 para que haja tempo e oportunidade para análises e reformulações de acordo com o que os professores realmente podem e/ou necessitam. “Não está claro para a sociedade o que será este novo tipo de ensino. É preciso haver um debate, sim, mas com toda a comunidade escolar, essencialmente os professores”, sinaliza.