Ricardo Gais
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A quarta e última etapa da pesquisa Covid-VRP, realizada em agosto e outubro, teve os resultados divulgados pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) nessa terça-feira, 13. Os testes rápidos foram realizados por pesquisadores da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 14 cidades da região, em cidadãos que foram escolhidos por meio de sorteio, com o objetivo de identificar a situação do novo coronavírus tanto na zona urbana como rural.
Os resultados apresentados pelo médico e infectologista Marcelo Carneiro, coordenador do estudo, apontam uma estimativa de 12.165 pessoas da região com anticorpos. A precisão dos testes rápidos foi em torno de 97%, com possibilidade de 2% serem resultados falso positivo em um exame negativo.
Nessa quarta etapa foram aplicados 1.063 testes rápidos, sendo que 36 apresentaram anticorpos, o que representa uma prevalência de 3,4%. Na zona rural foram 14 testes positivos (39%) e na zona urbana 22 pessoas (61%) testaram positivo para a Covid-19.
O estudo mostra a prevalência de 3,4% e representa um teste positivo para cada 30 habitantes da região, o que significa uma estimativa de 12.165 pessoas que já tiveram a doença. A incidência de casos é de 3.387 casos positivos para cada 100 mil habitantes, ou seja, para cada caso existente, há aproximadamente 3 mil casos não notificados. Esse baixo número de notificações se deve pois apenas os que procuram atendimento médico realizam o teste para detecção da Covid. “A maioria das pessoas não ficou gravemente doente, são sintomas leves ou moderados e essa sub notificação é natural em decorrência da metodologia que o sistema de saúde adotou para notificar”, comenta Carneiro.
A última etapa da pesquisa revelou que a quantidade de pessoas que contraíram a doença há mais tempo ficou em 2,73% e os infectados, entre sete e 14 dias atrás, diminuiu para 0,94%. Isso significa que a quantidade de pessoas com anticorpos registrou alta e que a Covid-19 já está em fase de desaceleração.
Uso de máscaras diminuiu
A pesquisa também revelou que o uso de máscaras pela população diminuiu de quase 90% nas três primeiras etapas para 73,5% nessa última. O coordenador da pesquisa explica que as pessoas estão relaxando nas medidas de prevenção, inclusive do distanciamento social, e essa ação ocorre devido a diminuição da doença na região. “O distanciamento foi reduzindo naturalmente e as pessoas vêm percebendo que a doença vai terminado. Por nossa região ter sentido de forma menos intensa essa doença como em outras cidades, as pessoas começaram a diminuir o distanciamento e o uso de máscara”, pontua.
Carneiro disse que as pessoas adquiriram anticorpos naturalmente ocasionando a chamada imunização de rebanho. O médico também cita que a pessoa que sai mais de casa adquiriu essa imunidade. Já o grupo que ficou em casa devido um fator de risco maior está começando a sair agora, o que pode gerar a segunda onda. “Se isso for acontecer em pessoas sem fator de risco, não terá problema, mas isso não pode ocorrer em pessoas idosas ou com outras comorbidades”, disse.
O estudo também mostra que nessa quarta pesquisa, os principais sintomas clínicos apresentados por estes pacientes diagnosticados com Covid-19 foram dor de cabeça e dor de garganta. Nenhum apresentou febre. A letalidade estimada por Covid-19 é de 0,5%, cinco vezes menor que a do Estado. A mortalidade é de 15,6% a cada 100 mil habitantes, 2,8 vezes menor que a do RS.