Luciana Mandler
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O setor da construção civil se tornou um dos principais responsáveis por impulsionar a economia brasileira em 2020, além de ter liderado a geração de empregos. Para 2021, a expectativa é apresentar o maior avanço já visto em oito anos. A Câmara Brasileira da Indústrias da Construção (CBIC) estima que o crescimento neste ano seja de 4%, após o recuo de 2,8% no ano passado.
Para o engenheiro civil Leo Azeredo, presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Santa Cruz do Sul (Seasc), o que pode estar contribuindo para essa elevação, que muito se fala e que é considerado um dos principais fatores, diz respeito às taxas de juros que reduziram. “Favorecendo o aquecimento do setor da construção civil”, sublinha.
Em Santa Cruz, a projeção também caminha para um aumento. “Temos uma perspectiva bem positiva. Ao contrário da média nacional, percebemos que Santa Cruz não teve uma queda tão expressiva quanto nos outros locais”, avalia. “O mercado da construção se mantém bastante aquecido aqui e a tendência é que continue assim e aumentando”, completa.
O setor também deverá ter desempenho melhor que o restante da economia, já que, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o PIB brasileiro neste ano crescerá 3,2%. Além do crescimento, dados da Sondagem da Indústria da Construção, levantamento realizado pela entidade com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostram que o setor foi o que mais empregou no País nos primeiros 10 meses de 2020, com a criação de 138.409 vagas formais, sendo considerado o melhor resultado para o período desde 2013.
Otimistas, a Sondagem da Indústria da Construção afirma que os empresários preveem resultados positivos para o primeiro semestre. Os índices também demonstram que os empresários estimam aumento do nível de atividade e de um maior volume de lançamentos de novos empreendimentos e serviços.
Depois de um ano atípico e mesmo começando 2021 com algumas restrições ainda relacionadas à pandemia de Covid-19, é possível perceber que as pessoas têm buscado construir e reformar. Mas qual das alternativas teve mais procura? Conforme o presidente da Seasc, Leo Azeredo, acredita-se que houve mais construções do que reformas. “Mas tem se mostrado um crescimento neste setor de reformas”, reflete. “As pessoas têm buscado revitalizar suas construções, reformando e ampliando. Isso tem sido uma tendência recente”, acrescenta. “Porém, acredito que ainda existam mais construções do que reformas. Mas reforço que a reforma tem sido um nicho que tem crescido”, completa.
Com essa expectativa de crescimento, pode faltar material? O engenheiro civil Leo Azeredo explica que houve defasagem de material durante a pandemia, pois muitas indústrias reduziram suas produções. “Porém, como a construção logo foi retomada, a matéria-prima ficou carente em vários setores. Quando chega a este ponto, a lei de oferta e procura acaba imperando. Como se tem uma grande procura e uma menor quantidade de material, os preços acabam subindo”, analisa.
Ainda, conforme o presidente da Seasc, há muito tempo os materiais, os insumos da construção civil estavam estáveis no que refere a preços. “Não estavam subindo e agora acabou ocasionando esta elevação de preço. Mas de forma geral, por enquanto, não se vê interferindo diretamente no setor. Claro que as construções vão ter um orçamento um pouco mais elevado em virtude dessa elevação nos materiais, mas por enquanto não fez com que as pessoas recuassem. As pessoas estão sim buscando construir”, conclui.
INVESTIMENTO
Durante a pandemia, um dos maiores aprendizados da construção civil, segundo alguns empresários, foi investir em tecnologia e comunicação, o que deve ser o foco também neste ano. Pensar em novas maneiras de oferecer serviços e produtos é fundamental, tendo em vista que as necessidades e o perfil do consumidor estão em constante mudança.
Leo Azeredo, presidente da Seasc acredita que o setor ainda carece de inovação tecnológica. “Ele ainda tem várias metodologias que funcionam a bastante tempo, mas sim, a tecnologia é importante para ganhos de produtividade, principalmente no sentido de gestão”, aponta. “A tecnologia na gestão tem avançado bastante. A comunicação também, sem dúvida, é fundamental neste processo”, ressalta.