EVERSON BOECK
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A constante transformação do mercado de trabalho no mundo atual está muito mais acelerada do que a capacitação dos profissionais especialmente no que se refere à inserção do jovem neste contexto. Este foi um dos focos do seminário “Apagão da Mão de Obra no Brasil: a Contribuição da Aprendizagem para a retenção dos talentos das empresas” ocorrido na noite de quinta-feira, no Auditório Central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O evento é uma realização do Centro de Integração Empresa-Escola Rio Grande do Sul (CIEE-RS) e da Fundação Roberto Marinho que, em parceria, desenvolvem o Programa Aprendiz Legal, criado para auxiliar as empresas a cumprirem a Lei do Aprendiz de 10.097/2000. Ela estabelece que todas as empresas de médio e grande porte contenham jovens entre 14 e 24 anos para capacitação. De acordo com a legislação, a cota de aprendizes está fixada entre 5% e 15% por estabelecimento.
O jornalista e apresentador do Conta Corrente da Globo News, Sidney Rezende, deu uma palestra sobre o tema “O Apagão da Mão de Obra no Brasil”. O aspecto mais discutido foi quais seriam as opções que o Brasil tem para amenizar o problema da falta de profissionais qualificados, principalmente para os jovens.
Rezende posicionou a plateia na atual situação econômica do País e do mundo, pontuando novas perspectivas, suas influências para o mercado de trabalho nas mais diversas áreas e a inserção do jovem nesta realidade. “O conhecimento como ferramenta indispensável para a qualificação da mão de obra. Por isso projetos como o Aprendiz Legal são tão importantes neste processo. O conhecimento, unido à tecnologia, seria o ponto-chave para a capacitação”, considera.
O jornalista destaca que além das questões teóricas e práticas, é preciso trabalhar paralelamente no processo de capacitação o estímulo comportamental no profissional. “Muito mais do que falta de conhecimento, um dos maiores problemas atualmente é a falta de iniciativa nas empresas e isso tem que ser trabalhado. É uma exigência do mercado hoje”, ressalta. Ele também fez uma relação disso com os meios de comunicação, colocando-os como importantes ferramentas na busca pelo conhecimento, informação e desenvolvimento pessoal. “A internet, por exemplo, assim como os diversos idiomas – como a informática, o inglês – são alavancas que impulsionam para a qualificação”, salienta.
Ao final aconteceu uma Mesa Redonda onde participaram a coordenadora geral de franquia social da Fundação Roberto Marinho (FRM), Renata Campante, o gerente de operações do CIEE, Lucas Baldisserotto, o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, além de representantes da Unisc.
Para Baldisserotto, o Programa Aprendiz Legal dá, além de um embasamento no aspecto da cidadania, uma formação mais específica, fazendo com que o jovem entre de maneira consciente no mercado. Segundo ele, hoje existem 22 mil jovens em aprendizado sendo que o ideal seria 85 mil. “O programa trará outras iniciativas neste segundo semestre que aumentarão expressivamente o contingente de jovens capacitados”, afirmou o gerente de operações do CIEE.
O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, falou sobre duas parcerias da pasta com o CIEE. A primeira se refere a jovens da Fase (antiga Febém) que estão recebendo aulas de capacitação teóricas e práticas remuneradas visando a introdução dos mesmos no mercado. A segunda é o chamado Território da Paz que viabiliza qualificação para integração no mundo do trabalho, destinado a adolescentes e jovens de 14 a 24 anos de idade. “Se trata de um trabalho preventivo com jovens em situação de vulnerabilidade. Isto é que transforma vidas para que se possa construir uma sociedade melhor e um país com crescimento sustentável”, avalia.
O QUE É O “APRENDIZ LEGAL”?
O Aprendiz Legal é um programa de aprendizagem voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho, que se apoia na Lei 10.097/2000, a Lei da Aprendizagem.
Com o Aprendiz Legal, pretende-se contribuir para a formação de jovens autônomos, que saibam fazer novas leituras de mundo, tomar decisões e intervir de forma positiva na sociedade. Os organizadores acreditam que é responsabilidade compartilhada do Estado, da sociedade, da família e dos próprios jovens fortalecer sua autoestima e sua condição de cidadãos por meio do trabalho.
A profissionalização do adolescente é uma etapa do seu processo educativo (ECA, art. 62) e, portanto, a razão de ser do trabalho é a formação, não a produção. O programa Aprendiz Legal, ao basear-se na Lei 10.097/2000 e em sua regulamentação, o Decreto nº 5598/2005, legitima a intenção e os esforços para contribuir com a empregabilidade dos jovens, especialmente os menos privilegiados. Este é um passo para integrar a sociedade em torno de uma causa comum: atender à necessidade dos jovens com suas diferenças individuais, suas condições específicas, aprendendo a conviver com a diversidade humana sem preconceitos.
SIDNEY REZENDE
Jornalista desde 1985, sua carreira só começou dois anos após a formatura na PUC do Rio de Janeiro. Natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foi com a família para “a cidade maravilhosa” ainda pequeno. Estudante universitário, escolheu o cinema como tema para a sua monografia. Inicialmente pensava em ser cineasta e não sonhava que um dia seria jornalista. Ideário de Glauber Rocha (1986) acabou se transformando numa pesquisa única sobre as declarações do polêmico criador do Cinema Novo. Foi um dos livros recomendados pelo Cahiers du Cinéma, a bíblia do cinema na França. E até hoje esta pesquisa é citada em bibliografias estrangeiras como obra de referência.
Passou por várias emissoras de rádio e TV e participou de programas como debatedor do “Sem Censura”, na TV Educativa (TVE), e inicia seu trabalho como âncora na Rádio CBN, emissora onde foi a primeira voz, e da qual é um dos fundadores. Além disso, teve diversas publicações em livros. Como exemplo, o trabalho de Sidney Rezende foi registrado no livro As entrevistas do Encontro com a Imprensa , de Clarice Abdalla, pela Editora Vozes.
Em 1994, muda-se para Brasília, onde apresenta o “Show de Notícias”, da CBN. Em 1996, volta a ser âncora da CBN no Rio de Janeiro e apresenta o jornal “Em Cima da Hora”, na Globo News. Em 2001, sem deixar a CBN, passa a apresentar o “Conta Corrente”, na Globo News e o telejornal “Bom Dia Rio”, da TV Globo. Em 2002, Sidney Rezende lança o livro Deve ser Bom ser Você – 102 brasileiros bem-sucedidos dizem o que pensam do sucesso, publicado pela Futura, do grupo Siciliano. Atualmente, também conferencista, percorre o Brasil com suas palestras. Além disso, é editor do portal www.sidneyrezende.com.
ROLF STEINHAUS
Jornalista da Globo News, Sidney Rezende (E), falou sobre a economia do
País e do mundo, pontuando novas perspectivas e suas influências para o
mercado de trabalho
Rezende também fez uma relação do mercado de trabalho com os meios de
comunicação, colocando-os como importantes ferramentas na busca pelo
conhecimento, informação e desenvolvimento