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Comunidades de terreiro celebram dia de Yansã

O dia 4 de dezembro é uma data festiva para as comunidades de terreiro, pois se comemora o dia de Yansã, a deusa dos ventos, raios e tempestades. Associada à Santa Bárbara, Yansã é uma das mais belas Yagbàs (mães) do panteão negro, pois encerra em si o poder e a força das mulheres guerreiras e batalhadoras. Tão poderosa quanto o seu marido Xangô, é uma deusa que percorreu vários reinos em busca da sabedoria de outros orixás. Utilizando de sua ampla capacidade de despertar a paixão, aprendeu várias habilidades pertencentes a outras divindades.
Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva e é a filha do fogo – Omo Inã. A tempestade é o poder manifesto de Yansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover. É uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade.
Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as atividades relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Yansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

FILHOS DE OYÁ

Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que desejam. São pessoas atiradas, extrovertidas e diretas, que jamais escondem os seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fieis à pessoa que amam, mas só enquanto amam.
Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu gênio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem quando controlam os seus impulsos, aí, são capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que se tornem os senhores da situação. Os filhos de Oyá, na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis, mas cuidado, os mais prudentes, no entanto, não ousariam confiar-lhe um segredo, pois, se mais tarde acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes de usar tudo que lhe foi contado como arma.
O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso. Seu dia da semana é a quarta-feira, que divide com seu mariuso Xangô, o rei da justiça, suas cores são o vermelho, marrom, rosa e o cobre, sua saudação é EpàHèééy!
Pai Antônio d’Ogum – do Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum, localizado em Santa Cruz do Sul, no bairro Jardim Esmeralda –, deseja a todos que a orixá dos raios leve a verdadeira alegria ao coração daqueles que sofrem, que os ventos de Oyá sejam leve e suave brisa de amor, saúde, prosperidade e muito axé.

Divulgação/RJ

Yansã, a filha do fogo