A polarização do discurso político foi uma característica muito presente no Brasil da última década. Há acusações mútuas entre a esquerda e a direita, em que uma tenta atribuir à outra o aspecto ditatorial. Um dos questionamentos que pode surgir é o seguinte: “O Brasil foi um País socialista a partir da chamada redemocratização, na década de 1980?”
Essa é uma pergunta bastante curiosa, na medida em que os regimes socialistas se caracterizam por uma tentativa de igualdade, mas, ao mesmo tempo, instauram ditaduras. Então, se o Brasil se redemocratizou, como poderia se colocar em um regime socialista se esse tipo de regime é antidemocrático?
É bem verdade que o Brasil adotou, a partir da década de 1980, uma série de políticas sociais que tiveram como base a Constituição de 1988. O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma dessas políticas, extremamente necessária para a população brasileira, ainda com falhas, e que deve ser aperfeiçoada.
Mas o estabelecimento do SUS, ou de qualquer outra política social, não levou o Brasil a um regime socialista. O País manteve o seu sistema democrático ao longo das últimas décadas e não alterou sua condição de economia de mercado. Por isso, seria mais certeiro afirmar que o Brasil foi uma social-democracia a partir da década de 1980.
Vale dizer que, se o regime socialista é uma ditadura de esquerda, tivemos uma ditadura de direita no País entre 1964 e 1985, a Ditadura Civil-Militar. É justo reconhecer que tanto a esquerda quanto a direita possuem tendências ditatoriais. E a eleição deste ano é muito importante para que, independente de quem seja o vencedor do pleito, haja compromisso no sentido de manutenção da democracia.