Dia 26 de julho comemora-se o Dia dos Avós. O papel deles na família vai além dos mimos dados aos netos. Eles são depositários das histórias dos antepassados e, com sua sabedoria e experiência de vida, são capazes de transmitir valiosos ensinamentos aos netos. Não conheci minha avó paterna. Reacilda morreu durante o parto do meu pai. E quando o avô Antonino faleceu eu tinha só 4 anos. De lembrança, restou uma foto tirada com ele no meu primeiro aniversário.
Por parte de mãe, eu conheci os dois. Vovô Enildo morreu por causa do maldito cigarro. Dele herdei o hábito diário de tomar chimarrão. Ele me acordava de madrugada para matear ao redor do fogão a lenha.
Já vovó Lourdes faleceu anos atrás e, como diz minha mãe, “deu uma aula de como se morre”. Deixou escrito quem iria levar o caixão (minha missão era tocar violão e cantar cemitério adentro) e para quem ficaria cada item de suas coisas. Impressionante!
Mas o que me deixa feliz é que meus familiares não abandonaram meus avós na velhice. Vivemos num tempo em que é comum, principalmente os jovens, não “darem bola” para os mais velhos. Encarar com amor a responsabilidade de cuidar de seus pais na velhice, então, nem pensar! É melhor colocá-los num asilo.
Eu perguntei à assistente social do Asilo Nossa Senhora Medianeira, de Cachoeira do Sul, Graziele Teixeira Lopes, o principal motivo pelo qual os filhos colocam seus pais no asilo. Ela me respondeu: “Os idosos precisam de atenção especial e como hoje em dia os casais trabalham fora e têm pouco tempo para cuidar deles, nós os acolhemos com carinho. Eles vêm visitá-los seguidamente”.
Mas e quando o idoso é abandonado por seus parentes que não dão a mínima para o artigo 229 da CF, que define que “os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”?
Em maio, antes de palestrar em prol do Asilo Vicente de Paula, em Rio Pardo, eu visitei a instituição. Foi emocionante! Bastou o primeiro olá de minha parte para que uma onda de sorrisos começasse a tomar conta do semblante de todos. A diretora Rosália Meyer me contou que muitos, mesmo tendo família, há anos não recebem visitas. E isso lhes dói na alma. Para eles, o pior não é se sentir só, mas se sentir abandonado.
Deixei o local com a sensação de que uma pergunta não sai da cabeça dos senhores e senhoras de cabelos brancos que lá estão: “Como esquecer que fui esquecido?”. Será que essa pergunta tem resposta?
Que Deus abençoe todos os avós!