Do plantio à colheita, a safra do tabaco este ano reflete as mudanças realizadas no campo até a comercialização. A área plantada em 2021 foi menor e a produtividade caiu drasticamente em algumas regiões. Outro fator, é que alguns produtores não deram continuidade à fumicultura em suas propriedades. Apesar de os números apresentarem uma queda no percentual, as perspectivas de venda são melhores comparadas à última safra.
De acordo com Benício Werner, presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), em todas as variedades do tabaco, Virgínia, Burley e o fumo comum, houve uma queda. Em relação aos totais de produtividade comparados à safra do ano passado, que foi mais de 628 mil, com a atual que passa de 504 mil toneladas, houve uma diminuição de 19,08%, estatísticas que refletem a redução da área plantada. “A redução territorial chegou a 9,8% e a queda atingiu uma média de 11,05% porque a produtividade caiu em algumas regiões, outras nem tanto”, destacou.
Em relação à estiagem, o fumo no Vale do Rio Pardo não foi tão afetado, os impactos na região ficaram restritos a municípios nos quais a localização geográfica é mais alta. “Se olharmos o Vale do Rio Pardo, nós temos a região baixa que teve pouco impacto na produtividade, pois quando a estiagem iniciou o tabaco já estava desenvolvido. Do contrário, a parte alta teve uma quebra na produção. No Rio Grande do Sul, os municípios como Herveiras, Boqueirão do Leão, Gramado Xavier, Arvorezinha, foram alguns dos mais afetados com as questões climáticas”, explicou Werner.
Ainda de acordo com Benício, muitos produtores que plantavam tabaco pararam com a produção, isso fez com que a área de plantio que as empresas estavam contando este ano não atingiu o esperado, fator que favorece o fumicultor. “A demanda por tabaco é muito grande. Mesmo tendo essas questões climáticas, o produtor não vai sentir isso financeiramente. A lucratividade para ele será maior, justamente pela falta de tabaco. Está acontecendo, eu diria, até um verdadeiro leilão e o produtor precisa aproveitar essa oportunidade”.
Refletindo sobre as mudanças da safra atual, Benício Werner destacou: “Pela primeira vez, quem vai botar preço no tabaco, que eu me recordo, vai ser o produtor”. Ele salienta que não precisa ter pressa de vender o fumo, o agricultor deve negociar, fazer o preço que entenda ser o justo para ele e as empresas.
De acordo com as estatísticas coletadas até o dia 12 de fevereiro, dos três tipos de tabaco foram comercializados cerca de 3,7%. “Já estamos com 83,03% de colheita do Virgínia, no Burley 97,05%, e no galpão comum 94,02%. Sobre a comercialização, especificamente no Vale do Rio Pardo, podemos dizer que foi em torno de 15% segundo dados coletados até a sexta-feira, 11”, finalizou Werner.
LETÍCIA SANTOS
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