As exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 3,1 bilhões no segundo trimestre de 2020, uma alta de 5,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento do valor exportado foi puxado pelas vendas externas do complexo soja (US$ 1,7 bilhão; +15,4%), carnes (US$ 492,7 milhões; +29,3%) e do setor de cereais, farinhas e preparações (US$ 189,2 milhões; +110,7%). Entre os cinco principais setores exportadores do agronegócio, fumo (US$ 246,4 milhões; -23,9%) e produtos florestais (US$ 220,6 milhões; -33,8%) registraram baixas.
No acumulado do primeiro semestre, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 4,9 bilhões, uma queda de 6,7% quando comparado com janeiro a junho de 2019. Em valores absolutos, foram US$ 354,7 milhões a menos no comércio exterior no período, puxado pelo desempenho negativo no período dos setores de produtos florestais (-56,9%) e fumo (-33%).
As informações fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio do Rio Grande do Sul, divulgado na manhã dessa quarta-feira, 12, pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e elaborado pelos analistas do Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) Rodrigo Feix e Sérgio Leusin Júnior.
Setores e principais destinos
Mesmo com uma queda expressiva na produção de soja no Rio Grande do Sul, estimada pelo IBGE em 39,3%, em virtude da estiagem, as vendas externas do complexo não foram afetadas no segundo trimestre de 2020, com destaque para a soja em grão (US$ 1,39 bilhão; +13,3%). A desvalorização cambial favoreceu a comercialização no setor, possibilitada também pelos estoques disponíveis no território gaúcho.
No setor de carnes, as vendas de carne suína (+69%) e de carne bovina (+60,8%) tiveram resultados positivos e expressivos. No setor de cereais, farinhas e preparações, o bom resultado do período entre abril e junho é justificado pela alta nas exportações de arroz (+169,7%).
Entre os principais destinos dos produtos do agronegócio gaúcho, a China segue no topo do ranking, responsável por 53,7% das vendas do Estado no segmento. As exportações para o gigante asiático tiveram aumento de US$ 264 milhões no segundo trimestre, alta de 18,9% em relação a 2019. União Europeia (9,7%), Estados Unidos (3,5%), Coreia do Sul (3,3%) e Arábia Saudita (2,1%) completam a lista dos principais países compradores, representando 72,4% do valor exportado no trimestre.
Primeiro semestre
No acumulado do ano, o complexo soja (US$ 2 bilhões) e carnes (US$ 948,2 milhões) foram os setores com maior presença nas vendas. O resultado negativo do semestre decorre principalmente dos setores de produtos florestais e fumo. No primeiro, a redução em valor nas vendas da celulose (-66,3%) foi o principal destaque, enquanto no segundo, o item de maior peso da pauta de exportações, o fumo não manufaturado, registrou variação negativa de 34,9%. Em ambos os casos, destaca o documento, as quedas podem ser atribuídas, em parte, a “movimentos atípicos ocorridos em trimestres anteriores, que alteraram o padrão sazonal dessas exportações”.
China (43%), União Europeia (11,8%) e Estados Unidos (4,4%) foram os principais compradores dos produtos do agronegócio gaúcho no semestre. Os asiáticos registraram alta de 8,7% no período, enquanto os europeus (-27%) e os Estados Unidos (-29,2%) tiveram quedas percentuais, os primeiros por conta da redução nas vendas de celulose e o segundo, além da celulose, também por conta da baixa das compras de fumo não manufaturado do Estado.
Covid-19 e estiagem
Mesmo com a tendência de queda nas exportações no semestre, o desempenho negativo não está relacionado à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), destaca o boletim.
“A China, por exemplo, primeiro país a sofrer com as restrições impostas pelo vírus, aumentou sua participação e liderança entre os destinos compradores do Estado. Embora tenham ocorrido reduções nas participações da União Europeia e dos Estados Unidos nas compras gaúchas, as quedas estão atreladas a uma menor demanda de celulose”, afirma o pesquisador do DEE/SPGG Sérgio Leusin Junior.
Quanto à estiagem, a perspectiva é de que os efeitos da redução na produtividade das culturas de verão sobre as exportações sejam intensificados no segundo semestre de 2020.
“Até o momento, os preços atrativos da soja têm garantido um ritmo de vendas externas superior a 2019, também beneficiado pelos estoques do produto no Estado. Com a menor disponibilidade nos armazéns e a necessidade de atender à demanda doméstica, é possível projetar menores volumes embarcados de soja na segunda metade do ano”, completa Leusin.