Conforme avança a colheita da soja (84% da área) e as produtividades ficam abaixo da esperada, são realizadas as vistorias de Proagro nas lavouras gaúchas financiadas. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (16/04), em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr), as vistorias evidenciam áreas com plantas mortas devido à falta de umidade e às temperaturas altas e lavouras apresentando grãos pequenos e chochos. Na cultura da soja, até esta quarta-feira (15/04), técnicos da Emater/RS-Ascar realizaram 8.900 vistorias de Proagro, 280 nos últimos sete dias. A totalidade de solicitações em culturas e hortigranjeiros chega a 14.013 vistorias.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a colheita da soja se aproxima do final (98%). As lavouras colhidas, afetadas pela estiagem, apresentaram baixa produtividade, aumento da incidência de grãos esverdeados, malformados e de tamanho reduzido, além de baixa umidade do produto colhido. Há preocupação com a reservação de sementes nos estabelecimentos, pois o produto está com qualidade aquém dos padrões; assim, os produtores optaram por não armazenar e adquirir semente na próxima safra. Na região, a comercialização da produção da safra e de estoques de anos anteriores dá preferência para o faturamento do produto depositado em cerealistas e à conservação de estoques nas cooperativas.
Na cultura do milho, as lavouras no Estado estão 2% em floração, 6% em enchimento de grãos, 13% dos cultivos estão maduros e 79% já foram colhidos. Na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, 84% das lavouras já foram colhidas e o rendimento atual é de 7.120 quilos por hectare, com perdas de 11% em relação à produtividade inicial, provocadas pela falta de precipitações e pelo intenso calor, principalmente na região das Missões. As chuvas ocorridas no domingo (05/04), associadas à diminuição das temperaturas, contribuíram para o desenvolvimento das plantas da safrinha, que estão em estágios críticos para necessidade de água. Em geral, as lavouras estão com boa sanidade, com plantas de estatura menor devido à estiagem, porém apresentando boa capacidade produtiva.
Enquanto segue a colheita da soja e do milho no Rio Grande do Sul, a do feijão 1ª safra chega a 93% das lavouras cultivadas na região Sul do Estado, onde foram implantados 2.456 hectares, área menor que a esperada. O principal destino do feijão 1ª safra foi o abastecimento familiar, com comercialização de excedentes nos mercados locais. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, poucas áreas foram destinadas exclusivamente para fins comerciais. Em Tavares, Arroio do Padre, Cerrito, Pinheiro Machado, Piratini, Canguçu, Santana da Boa Vista, Pelotas e São Lourenço do Sul, a colheita está concluída. As perdas médias chegaram a 60% da produtividade esperada. O rendimento das lavouras é variado na região; em São Lourenço do Sul, chegou a 420 quilos por hectare; em Canguçu, a 600 quilos por hectare e em Pinheiro Machado, a 860 quilos por hectare.
Já o feijão 2ª safra, cultivado especialmente as regiões de Frederico Westphalen e de Santa Rosa, a expectativa inicial de produtividade é de 1.800 quilos por hectare, apresentando até o momento perda média de 35%, podendo ser maior nas áreas que atualmente estão em floração e enchimento de grãos. Atualmente na região Norte do RS 18% das lavouras de segunda safra de feijão estão em estágio de desenvolvimento vegetativo, 28% em floração, 36% em enchimento de grãos, 8% em maturação e 10% já foram colhidas. As chuvas ocorridas na semana foram de baixo volume e praticamente não surtiram efeito na cultura. Na região de Santa Rosa, as lavouras do feijão safrinha iniciam a formação de vagens e o enchimento de grãos. Os cultivos vêm apresentando folhas baixeiras amareladas e secas devido à falta de umidade no solo, condição amenizada com as últimas chuvas que ajudaram na recuperação das plantas. Apesar dessa melhora, as perdas são inevitáveis devido ao prolongamento da estiagem na região.
No arroz, apesar da ocorrência de precipitações nas regiões produtoras, o tempo seco que predominou durante a semana favoreceu a colheita, que já alcança 81%. Nas áreas que ainda estão finalizando o ciclo (17% em maturação), a diminuição da oferta de água pelos mananciais tem forçado o racionamento. Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita avançou durante a semana, chegando a 86% da área cultivada. A produtividade esperada está em 8 mil quilos por hectare, reflexo das adequadas condições de desenvolvimento da cultura durante toda fase de cultivo. As lavouras colhidas inicialmente apresentaram produtividades maiores que a média, compensando a redução das que foram colhidas na semana. Em geral, o tempo tem sido favorável ao estado fitossanitário, resultando em cultivos com pouca incidência de doenças e insetos, além de proporcionar boa sanidade de folhas, colmos e panículas.
OUTRAS CULTURAS
Erva-mate – Na regional da Emater/RS-Ascar de Erechim, a área cultivada com erva-mate é de 7.100 hectares. A colheita está em andamento e a produtividade é de 600 arrobas por hectare. O preço está em R$ 12,00/arroba. Na regional de Passo Fundo, a área implantada é de 1.110 hectares, com uma produção anual de 11.728 toneladas de folha verde, principalmente em Nova Alvorada, Machadinho e Capão Bonito do Sul. A produtividade média segue em 900 arrobas por hectare, enquanto que, nos ervais com maior aplicação tecnológica, varia de 1.800 a duas mil arrobas por hectare. Os tratos culturais intensificam a implantação da cobertura de solo para o inverno. Em função da reduzida precipitação no período, a colheita apresentou uma leve queda sem prejudicar a oferta de folha para a indústria. Devido à ampliação do período sem chuvas suficientes, a média foi de 15% de perdas de produtividade.
As mais recentes chuvas amenizaram as perdas e a erva-mate voltou à situação de normalidade, visto ser resistente a perdas por estiagem, se comparada a outras culturas mais sensíveis. Os novos plantios ainda não iniciaram em função de o solo não apresentar as condições ideais de umidade. Mesmo com Covid-19, as indústrias ervateiras já operam em níveis próximos à normalidade. As mudas que serão plantadas em 2020 estão em franco desenvolvimento nos viveiros, passando pela fase de rustificação; neste ano, prolongada, em função da estiagem que irá atrasar as operações de plantio e de replantio.
O preço da erva-mate folha segue em R$ 13,50/arroba, entregue na indústria; a da cultivar Cambona 4 a R$ 15,00/arroba. A muda de erva-mate é comercializada a R$ 1,50/unid. A erva-mate cancheada é vendida a R$ 330,00/ton. e a cancheada com até 5% de palito a R$ 410,00/ton.
PASTAGENS
As últimas chuvas ocorridas em todo Estado, embora não tenham alcançado os volumes ideais, propiciaram alguns rebrotes dos campos nativos e das pastagens cultivadas perenes de verão, melhorando um pouco as condições de pastejo. As pastagens cultivadas anuais de verão estão com seu ciclo produtivo praticamente encerrado e pouco têm a oferecer. Em todas as regiões, aumentaram consideravelmente durante a semana as áreas com implantação de pastagens cultivadas de inverno.
BOVINOCULTURA DE CORTE – Nas diversas regiões do Estado, o gado bovino de corte apresenta redução do escore corporal em níveis maiores do que o esperado para esta época do ano. As condições sanitárias dos rebanhos são satisfatórias, estando em andamento as vacinações contra febre aftosa e clostridioses e o controle de parasitoses. Entre as práticas de manejo do rebanho, são destaque o desmame de terneiros e o diagnóstico de gestação.
BOVINOCULTURA DE LEITE – O período de vazio forrageiro outonal, que acontece normalmente todos os anos, será mais prolongado neste ano, em decorrência das adversidades climáticas registradas em todo o Estado. Elas provocaram o encurtamento do ciclo das pastagens de verão e o atraso na implantação e desenvolvimento das pastagens de inverno, ocasionando maior redução na disponibilidade de massa verde e por mais tempo. A condição corporal e a produção leiteira dos animais mantidos predominantemente a pasto estão afetadas por essa situação, exigindo um maior aporte de suplementação alimentar para amenizar os seus efeitos; mas isto implica em um aumento dos custos.
PISCICULTURA – As últimas chuvas ocorridas nas diversas regiões não tiveram volume suficiente para recuperar os viveiros, em relação ao déficit hídrico acumulado no período de estiagem. A Semana Santa costuma ser o período do ano de maior consumo de peixes. Para a maioria dos piscicultores, é o momento em que ocorre a maior parte de suas vendas. Devido à pandemia do coronavírus, a grande maioria das feiras de peixe das regiões foi cancelada. Formas alternativas de comercialização foram utilizadas, como a venda de peixes na propriedade e a venda por telefone ou pela internet, com entrega a domicílio. O volume de vendas no geral ficou abaixo do costumeiro, mas a utilização de formas alternativas de comercialização contribuiu muito para minimizar as frustrações. As equipes municipais da Emater/RS-Ascar apoiaram os piscicultores na organização e divulgação das vendas, no monitoramento da qualidade do produto e nas orientações para os cuidados sanitários, visando evitar o contágio pela Covid-19 durante os procedimentos das diferentes modalidades de vendas.