EVERSON BOEKC
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Em estudo desde 2009, finalmente o projeto Coleta Seletiva Solidária saiu do papel. Depois de muitas reuniões, busca de recursos e articulações, ontem pela manhã, no Salão Nobre do Palacinho da Praça da Bandeira, aconteceu a apresentação do funcionamento operacional do projeto em Santa Cruz do Sul. O contrato da Prefeitura Municipal com a Cooperativa dos Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat) foi assinado na manhã desta segunda-feira, 10, e prevê a implantação gradual da coleta seletiva em toda a área urbana, iniciando com um projeto-piloto que abrange os Bairros Centro, Higienópolis e Goiás.
A apresentação dos horários, periodicidade e toda a sistemática da coleta foi feita por representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento e da Coomcat, esta fundada há dois anos a partir da Associação Ecológica de Catadores de Materiais Recicláveis de Santa Cruz do Sul. Aconteceu, também, a apresentação dos materiais de divulgação e de sensibilização que estão sendo distribuídos aos moradores dos bairros atingidos por esta primeira etapa da coleta, a qual envolve 20 catadores.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Saneamento, Alberto Heck, a Coleta Seletiva Solidária, além da inclusão social e econômica dos catadores, possui muitos benefícios para a saúde pública e limpeza urbana. “Hoje temos muitos problemas de drenagem, principalmente em períodos de muita chuva, que são causados por materiais recicláveis que têm volumes maiores. Com este projeto teremos mais matéria-prima, os recursos naturais serão preservados e menor consumo de água e energia”, pontua. A Coleta Seletiva Solidária já existe em cidades como Encruzilhada do Sul, Cachoeira do Sul, Canoas e Gravataí.
ROLF STEINHAUS
Mesmo com mau tempo, no primeiro dia os catadores já foram às ruas
coletar material e informar à população sobre o projeto
COMO VAI ACONTECER
A primeira etapa do projeto, que vai durar seis meses, funcionará como um projeto-piloto, conforme o secretário Alberto Heck. “Vamos ir melhorando o que estiver bom, corrigindo o que não der certo e depois estender para o resto da cidade gradativamente”, explica. A ideia é que após a primeira etapa, a cada três meses outro bairro seja incluído no itinerário de coletas. A expectativa é que dentro de 21 meses todo o perímetro urbano esteja contemplado.
Ontem foi iniciado o processo de conscientização com a distribuição do material informativo. Os catadores que atuarão nesta iniciativa visitaram residências e comércio dos três bairros atingidos com esta primeira fase explicando o funcionamento do projeto. Serão utilizados dois caminhões e 20 carrinhos manuais, além dos elétricos que serão lançados mais tarde.
O coordenador da Coomcat, Fagner Jandrey, ressalta que o projeto também visa agregar à cooperativa os catadores de Santa Cruz do Sul que ainda trabalham de forma individual. “Nesses anos de trabalho temos melhorado muito nossa estrutura e organização, prova disso é este projeto que hoje começa. Estamos mostrando à comunidade nossa capacidade de trabalho e a importância das nossas ações para o município. Com isso, queremos trazer para a Coomcat outros trabalhadores que ainda estão sozinhos, pois juntos temos muito mais força”, frisa.
RENDA
O coordenador da Coomcat, Fagner Jandrey, destaca que a questão da renda vai melhorar muito para os catadores que vão atuar neste projeto. “Na rua eles vendiam o quilo de pet, por exemplo, por R$ 0,60, agora, através da cooperativa, este valor vai subir para R$ 1,70, isso porque estamos vendendo diretamente para as empresas”, observa.
“Ao assinarmos o contrato entre a cooperativa e a Prefeitura para a Coleta Seletiva Solidária em Santa Cruz do Sul tivemos mais um marco importante em nossa caminhada em defesa da vida e da justiça social. Faltariam palavras e nomes neste espaço para agradecer o empenho de cada um e cada uma nesta conquista, que só foi possível pelo engajamento de todos”, acrescenta Jandrey.
Ângela Maria Nunes, coordenadora de seleção de resíduos, tem a mesma opinião. “Este projeto é uma grande oportunidade de crescimento para nós, pois vamos melhor a qualidade do que é oferecido e poderemos vender em rede”, avalia. Com uma experiência de mais de 8 anos em coleta seletiva, é ela quem vai coordenar os 20 catadores nesta fase inicial do projeto.
DIAS DA COLETA
A Coleta Seletiva Solidária acontecerá diariamente no Centro, às 9h e às 16 horas. Nos Bairros Goiás e Higienópolis será nas segundas e sextas feiras, às 8 horas, sempre intercalando com a coleta regular.
ROLF STEINHAUS
Para as coletas, serão catadores utilizarão Serão utilizados
dois caminhões e 20 carrinhos manuais (foto)
Inovação também na reciclagem do PET
Durante o evento o secretário de Meio Ambiente e Saneamento, Alberto Heck, divulgou a execução de mais um projeto através de investimento na na Coomcat. Segundo ele, até o dia 21 de dezembro estará instalado no pavilhão da cooperativa e pronto para funcionar o primeiro polo da “Cadeira Solidária Binacional do Pet.”
Conforme Heck, este projeto estabelece a transformação de garrafas pet em flake, fibra, fio tecido até confecção e artesanato. O Polo 2 será construído na região metropolitana, em Canoas e Novo Hamburgo, e o Polo 3 em Jaguarão. “Santa Cruz receberá o Polo 1 porque tem a melhor estrutura para abrigar as máquinas, uma vez que já possui pavilhão pronto – uma área de 2.600m²”, sinaliza. . O investimento é de R$ 1 milhão, com incentivos dos governos estadual, federal e contrapartida do município.
Os catadores trabalharão na produção do flake e beneficiamento do plástico mole. O processo é dividido em cinco etapas. O material recolhido é enviado para a cidade de San José, no Uruguai, onde o flake será transformado em fibra sintética, que, voltando ao Brasil, em Minas Gerais passará pelo processo de fiação e tecelagem. Depois disso, o tecido volta para cooperativas e associações de costureiras do Rio Grande do Sul como matéria-prima para produtos como sacolas, kits escolares, calçados, entre outros.
EVERSON BOECK
Apresentação do Projeto Operacional da Coleta Seletiva Solidária
para a imprensa