Luísa Ziemann
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Tira casaco, bota casaco. Os gaúchos têm vivido dias um pouco confusos nas últimas semanas. Isso porque a variação de temperatura – já comum no Sul do País – vem sendo ainda maior este ano. Depois de uma segunda-feira gelada, quando os termômetros de Santa Cruz do Sul chegaram a marcar apenas 2 graus durante a madrugada, a terça-feira já foi bem diferente, chegando a registrar 26 graus durante o período da tarde. E esse calor não para por aí. A previsão é de que hoje e amanhã as máximas ultrapassem os 30 graus. Um legítimo verão fora de época.
De acordo com a meteorologista Vanessa Gehm, o Rio Grande do Sul está sob a atuação de uma massa de ar seco que inibe a formação de nuvens. “Assim, com o céu claro, as noites e madrugadas apresentam temperaturas baixas, mas durante o dia, com o predomínio do sol, as máximas se elevam rapidamente”, explica. “Ontem já foram registradas máximas na casa dos 28°C em algumas áreas do Estado, valores acima do que foi observado nos últimos dias.”
Mas se engana quem pensa que o frio já acabou. Segundo Vanessa, a expectativa é que durante as duas próximas semanas pelo menos duas massas de ar frio voltem a atuar sobre o Estado, inclusive com chance de geada. “A primeira retorna neste final de semana e a outra, a partir do dia 25.” Com a formação de uma frente fria associada a um ciclone sobre o oceano, há previsão de instabilidades sobre o Estado entre quinta e sexta-feira. “Também há condições para temporais isolados em áreas da metade Sul gaúcha, Vales e Região Metropolitana. A tendência é que as chuvas retornem ao Rio Grande do Sul a partir da próxima terça-feira”, afirma a meteorologista.
Com um inverno com pouca cara de inverno, os gaúchos podem se preparar para um verão mais quente do que o normal. “Um dos reflexos do El Niño aqui no Estado são as temperaturas mais altas do que a média climatológica. Dessa forma, espera-se um verão quente, e especialmente úmido”, alerta a meteorologista.
Quem acaba não ficando tão contente com as altas temperaturas bem no meio são os lojistas. Para Kauane Souza, proprietário de uma loja de roupas de Pantano Grande, esse “tira casaco, bota casaco” acaba deixando o consumidor mais cauteloso na hora de comprar. “Os clientes estão sem saber qual temperatura esperar da próxima semana e acabam não investindo em novas peças”, salienta a empreendedora.
Além disso, com poucos dias de temperaturas rigorosas, a procura por peças mais pesadas também caiu. Muitos casacos e lãs acabaram sobrando nas araras das lojas. “A procura por casacos grossos foi muito baixa esse ano. Essa época no ano passado não tínhamos mais essas peças nas araras e esse ano ainda temos”, destaca Kauane. Para que não fiquem ocupando lugar nos estoques, o jeito é liquidar. E por isso muitos estabelecimentos do comércio começaram com as promoções dos itens de inverno bem mais cedo que o normal, mais de um mês antes do fim da estação. “No ano passado a liquidação começou só em setembro”, relembra.