Guilherme Athayde
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Fechadas desde o dia 18 de março devido à pandemia do coronavírus, as salas de cinema de Santa Cruz do Sul, tanto no Shopping Santa Cruz quanto no Shopping Germânia, aguardam pela autorização do poder público pela reabertura dos estabelecimentos.
Neste clima de incertezas, administradores de cinemas por todo o Brasil receberam esta semana a notícia de que o Governo Federal, através do Ministério da Economia, manifestou-se pela extinção do benefício de meia-entrada para o ingresso nas salas de cinema no país.
O argumento do governo é que os critérios para distribuição do benefício não seguem quesitos como a renda de cada cidadão, ou seja, o privilégio não estaria alcançando a população mais necessitada, e muitas famílias com menor poder aquisitivo acabam sendo privadas de um serviço cultural de grande importância.
O embasamento foi feito a partir de uma Análise de Impacto Regulatório. O estudo revelou, entre outros levantamentos, que, em 2019, cerca de 80% do público dos cinemas eram de pessoas que pagavam meia-entrada.
A manifestação do Ministério da economia ocorreu durante consulta pública da Agência Nacional do Cinema (Ancine), finalizada dia 18 de julho. A conclusão do governo é de que o desconto dado a uma parte da população acaba aumentando os preços dos ingressos de forma geral, resultando em uma desvirtuação do objetivo da lei, que é o de facilitar o acesso da população de baixa renda aos cinemas.
A empresária e administradora das salas de cinema em Santa Cruz do Sul, Cristchie Bechert, acredita que é possível reduzir o preço dos ingressos caso seja regulamentada pelo governo o fim da meia-entrada. Ela revela que o município segue a realidade brasileira, onde cerca de 80% dos ingressos são vendidos pela metade do preço.
“Com essa questão acredito que a gente conseguiria fazer uma padronização sim. Por exemplo, hoje o valor da meia-entrada para o 2-D é R$ 10,00, e a meia-entrada para o 3-D é R$ 14,00, a gente poderia padronizar esse ingresso, com esse valor para todo mundo, ou buscar um meio termo entre o valor da meia entrada e o da entrada cheia. Essa é a maior intenção da meia entrada, conseguir reduzir um valor para todo mundo conseguir um valor mais acessível”.
Sancionada em 2013 e regulamentada dois anos depois, a lei atual sobre a meia-entrada determina que pelo menos 40% dos ingressos em espetáculos artísticos, culturais e esportivos em todo o país sejam reservados a estudantes, idosos, portadores de necessidades especiais e jovens de baixa renda. A estimativa é que a legislação alcance mais de 96 milhões de brasileiros.
No Rio Grande do Sul, desde 2012 existe uma lei que garante meia entrada também para doadores de sangue. Em Santa Cruz do Sul, ainda há uma lei municipal instituída no ano de 2001, que garante meia-entrada para jovens do meio rural.
Cinemas estão prontos para a reabertura
Segundo a administração das salas de cinema em Santa Cruz do Sul, os locais já estão preparados para a reabertura dos trabalhos, assim que seja concedida a liberação pelo poder público. Segundo Cristchie Bechert, todas as normas de segurança para evitar a propagação do coronavírus estão sendo tomadas.
“Estamos com os protocolos todos prontos, de forma exemplar, para uma prevenção e segurança impecável, como distribuição de álcool em gel por todas as dependências do cinema, cartazes informativos quanto à prevenção, o distanciamento para a fila de entrada com dois metros e distância, com demarcação no chão, dando preferência de sugerir para o pessoal comprar de forma on-line o seu ingresso. Na entrada da sala não haverá contato com o funcionário, é feita a distância a validação do ingresso, para entrar na sala será feita a aferição da temperatura da pessoa, e caso ela tenha a temperatura elevada não será permitida a entrada, ela será reembolsada e em outro momento, quando ela estiver apta, poderá assistir ao filme”, destaca a administradora.
Ainda segundo Cristchie, o período é de muitas dúvidas, pois em Santa Cruz do Sul, são 18 funcionários que dependem do funcionamento das salas de cinema para sobreviver. “Fazem cinco meses que estamos fechados, então a gente precisa reabrir, e essa é a nossa única opção, senão, a gente não sabe o que vai acontecer”.
A empresária diz aguardar uma comunicação da prefeitura para que a reabertura dos cinemas seja feita o quanto antes. Ela ressalta ainda que as salas conseguem oferecer mais segurança em relação aos cuidados contra a transmissão do coronavírus aos clientes, em relação a outros segmentos que não sofrem as mesmas sanções.