Luísa Ziemann
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O consumidor santa-cruzense tem ao menos um motivo para comemorar. A variação do custo da Cesta Básica Nacional em Santa Cruz do Sul baixou 6,78% no período de 3 de junho a 1º de julho deste ano, fazendo com que o valor passasse de R$ 633,15 para R$ 590,22, de acordo com o Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Cepe/Unisc). A redução de R$ 42,93 fez com que o conjunto de produtos alimentícios voltasse a ficar abaixo de R$ 600,00. Dos 13 itens pesquisados, cinco apresentaram redução, sete tiveram seus preços elevados e um ficou estável.
Essa redução no custo da cesta básica é resultado da diminuição dos valores do tomate (-7,212%), da carne bovina (-1,274%) e da batata inglesa (-0,893%). Já os produtos que apresentaram elevação foram o leite tipo C (+2,237%), a banana (+0,263%) e a banha (+0,243%). Assim, um trabalhador santa-cruzense que recebe apenas um salário mínimo (R$ 1.212,00) precisa trabalhar 107,137 horas para adquirir o conjunto de 13 produtos, o que significa uma carga de 7,79 horas a menos que o necessário em junho.
O professor e economista Silvio Cezar Arend explica que, a partir dos gastos que se tem com alimentação, é possível estimar qual seria o salário mínimo necessário para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família. Seguindo a mesma metodologia utilizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor do mínimo em Santa Cruz para junho (pago no início de julho) deveria ter sido de R$ 4.921,28 para uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Arend lembra que o custo da cesta básica é pesquisado no início de cada mês e os preços levantados referem-se ao dia específico da coleta de dados. “Como os preços variam diariamente, o custo apurado representa uma espécie de registro do momento. Ou seja, na data do levantamento estava menor o custo, principalmente devido à redução do preço de alguns produtos que têm peso elevado no custo total, como é o caso do tomate, que teve expressiva redução de preço”, esclarece. “Enquanto os preços se mantiverem no mesmo patamar do dia do levantamento, a redução é favorável ao orçamento, que já é tão apertado na maioria das famílias.”
O economista ressalta que os valores dos alimentos têm forte relação com a dinâmica do mercado externo. “Dada a elevação de preços das commodities no mercado internacional, aliada à variação cambial e ao abandono da política de estoques reguladores do governo federal nos últimos dois anos, os preços destes produtos têm apresentado grande elevação, não apenas na cesta básica em Santa Cruz, mas também nos demais indicadores de preços do País”, alerta. “Dependendo do período de comparação, o subitem alimentação apresentou uma elevação em torno de 25% no último ano, superior à variação do índice em si”, aponta Arenda.
A Cesta Básica Nacional relaciona um conjunto de alimentos que seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador adulto ao longo de um mês, tomando como base o Decreto Lei 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou a Lei 185, de 14 de janeiro de 1936. A norma estabelece que o salário mínimo é a remuneração devida ao empregado, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, capaz de satisfazer, em determinada época e região do País, às suas necessidades de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte.